20 de set. de 2025

 


Já faz um tempo que venho refletindo muito sobre o uso das redes sociais em minha vida e os efeitos colaterais que elas me causam - afinal de contas, eu trabalho nesse universo há quase duas décadas e é sempre necessário fazer uma força, mesmo que hercúlea, para manter a sanidade diante dessa nova realidade. 

Falta de paciência, falta de interesse na vida real, comparações absurdas, sentimento de inferioridade, dores nos braços, postura modificada, ansiedade e até mesmo depressão são só alguns dos inúmeros efeitos sentidos por diversas pessoas, que muitas vezes até demoram para notar o verdadeiro causador de tudo isso. Mas o que fazer para mudar?

Por que somos uma geração apressada?

Por que nos tornamos uma sociedade formada por pessoas cada vez mais isoladas?

Afinal de contas, o que é F.o.M.O.?

Vem bater um papo comigo sobre tudo isso neste meu vídeo?


 



Maya Killgore tem 23 anos e ainda está descobrindo o que quer da vida. Conor Harkness tem 38, e Maya não consegue parar de pensar nele.

É um clichê tão grande que o coração dela quase não aguenta: homem mais velho e mulher mais nova, empresário rico e estudante falida, melhor amigo do irmão e a garota na qual ele nunca reparou.

Como Conor adora relembrar, a dinâmica de poder entre eles é totalmente desequilibrada. Qualquer relação entre os dois seria muito problemática e Maya precisa superá-lo. Afinal, Conor já deixou claro que não a quer em sua vida.

Mas nem tudo é o que parece... e clichês às vezes sofrem reviravoltas.

Quando o irmão de Maya decide se casar na Itália, ela e Conor são forçados a passar uma semana juntos em uma charmosa villa siciliana. À beira da praia, em meio a antigas ruínas, comidas maravilhosas e cavernas naturais, Maya percebe que talvez Conor esteja escondendo alguma coisa.

Em meio aos caóticos preparativos para o casamento, ela decide que um romance de verão pode ser justamente o que precisa... mesmo que seja problemático.

Sinopse da editora

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Este foi o meu primeiro contato com a autora Ali Hazelwood, e para quem estava precisando de uma leitura leve para deixar o cérebro bem lisinho lisinho, tive 100% de aproveitamento.

Quem espera um livro que traga alguma reflexão ou coisa do gênero vai cair do cavalo - o ideal é nem criar expectativa nenhuma, já que estamos falando de uma comédia romântica em que os personagens principais tem uma diferença gritante de idade, e embora o cara sempre seja resistente a levar esse relacionamento adiante por conta da imagem negativa que ele tinha do pai (que pegava só novinhas), a ideia não é trazer nenhum ensinamento básico sobre isso mesmo.

Aliás, o que a Maya (a protagonista) menos deixa acontecer nessa história é que uma conversa séria aconteça, mesmo quando é necessário. As piadolas dela me arrancaram risadas em certos momentos, mas em outros eu simplesmente queria que ela desse uma calada de boca.


No mais, a autora sabe construir muito bem coadjuvantes interessantes, diálogos envolventes e não poupa detalhes nas cenas hots - o que pode incomodar bastante as leitoras mais recatadas.

16 de set. de 2025

 


Cida, uma mulher sem identidade nem memória, reconstrói pouco a pouco uma nova vida em um lugar completamente desconhecido. Jorge encontra nessa misteriosa estrangeira uma paixão inesperada, que recria o que não parece provável. Do outro lado do Atlântico, Joana é o fantasma de um amor há muitos anos perdido por Miguel.
Quando os quatro personagens se entrecruzam no tempo em busca de respostas para as próprias angústias, se deparam também com uma trama fantástica sobre magia, ancestralidade e pertencimento. Oração para Desaparecer é uma das histórias possíveis sobre o amor e seu poder de dissolver as barreiras do imponderável.

Sinopse da editora

"As pessoas não tem consciência que escrevem uma história enquanto vivem"



Esse foi o meu primeiro contato não só com Socorro Acioli mas também com o realismo mágico, e foi uma grata surpresa, muito embora eu acredite que não é um tipo de leitura que agradaria a todos.

Muitas vezes eu me encontrava sem paciência para retomar minha leitura, por conta da prolixidade da narrativa, mas apesar dessa característica, encontrei passagens recheadas de beleza e reflexões sobre a vida, sobre o amor, sobre ancestralidade e mais para o final, também sobre fé.

Cida e Jorge formam o casal dos sonhos - um amor honesto, bonito e orgânico. E a forma como ele ajudou Cida a descobrir sua verdadeira história é bastante tocante.

Acho que o livro deslancha do meio para o fim, e faz jus a todos os elogios recebidos por quem já leu esta obra.



Assista a resenha de Oração para desaparecer:

25 de ago. de 2025

 


Colette foi uma mulher sem história. Pelo menos, era nisso que Agnès, sua sobrinha, acreditava até o dia em que recebe uma ligação da polícia, comunicando o falecimento da tia. Ela é pega de surpresa, afinal, Colette havia sido enterrada três anos antes no cemitério de Gueugnon.

Por ser a parente viva mais próxima, cabe a Agnès voltar à cidadezinha da Borgonha e reconhecer o corpo. Se o óbito da tia for mesmo confirmado, quem estaria enterrada em seu lugar? E por que Colette fingiria a própria morte?

Essas e outras perguntas marcam o início de uma profunda investigação do passado. Com a ajuda de velhos amigos, testemunhas inesperadas e uma misteriosa mala cheia de fitas cassete, Agnès reconstrói a história de sua família, cujo destino está ligado a um circo de horrores, à única sobrevivente de uma família judia exterminada pelos nazistas, aos eventos envolvendo um célebre pianista e um assassino sem escrúpulos, às manobras traiçoeiras de um predador sexual e à paixão desenfreada pelo time de futebol de Gueugnon.

Com a delicadeza e a sagacidade que a consagraram em Água fresca para as flores e Três , Valérie Perrin nos conduz por um emaranhado de histórias e reviravoltas, no qual a capacidade inerente dos personagens de amar e resistir pode suplantar a força do remorso e do medo. Permeada por momentos de ternura e humor, a jornada de Agnès e Colette nos impele a fazer mais uma pergunta: teriam as palavras, escritas ou ditas, o poder de mudar o nosso presente e até nos revelar um outro passado?

Sinopse da editora

"Mas ninguém faz um telefonema desses ao sete anos. Uma ligação dessas pesa toneladas. Aos sete anos, não contamos que um moço autoritário nos machucou, ficamos com vergonha, nos sentimos sujos, porque não fizemos nada para impedir. Não ousamos chorar no colo da mãe, nos calamos. Todos nós conhecemos vítimas, e também predadores. Apertamos a mão deles, perguntamos como eles estão. O silêncio que cerca os algozes e suas presas é vertiginoso."

Tem histórias que só reforçam dentro de mim algo que sempre me acompanhou: é muito mais fácil respeitar alguém quando se leva em conta que todo mundo tem uma história. E acho que nos dias de hoje o que falta é isso: a empatia.

Em Querida Tia, esse sentimento ficou ainda mais reforçado dentro de mim, e também me reforçou o contraponto deste pensamento: que as vezes conhecer a história da pessoa também corrobore para ter ainda mais asco dela.

Nesse post explicarei porquê, mas primeiramente é indispensável trazer uma breve sinopse sobre essa história:

Agnes é uma cineasta respeitada que recebe uma ligação: sua tia é encontrada morta. Mas o problema é que essa mesma tia já morreu 3 anos antes. É então que Agnes descobre que sua tia Colette tinha muito mais segredos do que ela imaginava - segredos esses que vão mudar completamente a sua vida assim que ouvir as fitas que sua tia deixou.

Esse é só um resumo bem básico de toda a intensidade que Valérie Perrin nos traz para as páginas de “Querida Tia”. Diante do novo encontrado por Agnes, a protagonista será lançada para uma versão de sua tia que ela jamais conhecera: de uma mulher respeitada por uma cidade inteira, com uma bagagem que transborda coragem, afeto e bondade, e acima de tudo, passou a enxergar sua tia como uma MULHER, e não só a irmã de seu pai.

Não que Agnes não tivesse respeitado a sua tia em vida, muito pelo contrário. Ela nutria um amor genuíno pela mulher. Mas ao mergulhar em todas as histórias deixadas por ela gravadas em fitas cassetes, a personagem pôde conhecer o lado humano de Colette, com suas falhas e acertos, suas inseguranças e ressignificações. Alguém que decidiu pegar todas as suas experiências ruins e transformar em lição do que NÃO SER na vida. Alguém que permitiu enxergar-se com suas experiências que julgamos serem as mais comuns. Alguém que se enxergou em outras pessoas de diferentes formas, de coração aberto e sem qualquer vaidade.

Como contraponto temos o personagem Soudoro - um homem que vivenciou e sofreu a violência desde muito novo. Mas ao invés de querer eliminar a violência de sua vida, decidiu perpetuá-la em quem quer que fosse. Praticou o mal e disseminou o mesmo medo que sentiu quando pequeno. Decidiu cortar a compaixão de quem pudesse dando continuidade a personalidade do pai. Fez com que mulheres vivessem com medo até o último segundo de suas vidas. E assim deixou marcas pavorosas em vidas inocentes, por onde passou.

O contraponto do respeito por Colette foi o ódio por Soudoro.

O sentimento nutrido por Agnes ao saber de toda a sua história, no fim, foi um giro de 360 - ao mesmo tempo em que muita coisa que ela acreditava mudou, o sentimento continuou o mesmo. Mas não posso me estender aqui para não virar spoiler.

Embora algumas poucas coisas na história tenha me desagradado levemente, toda a bagagem emocional que ele me proporcionou compensou em medidas extraordinárias. Temos também coadjuvantes muito bem construídos, diálogos deliciosos de ler em capítulos curtinhos que devoramos sem sentir o tempo passar. É também uma oportunidade de olhar a violência sob todas as óticas, e se desvincular definitivamente de qualquer pré julgamento que se possa ter em relação à vitimas de violência que não tomam nenhuma atitude.

Vale cada página do seu tempo.


Resenha de outras obras de Valérie Perrin:


4 de ago. de 2025

 


"A história de uma família se parece mais com um mapa topográfico do que com um romance, e uma biografia é a soma de todas as eras geológicas que você atravessou", anota a narradora deste livro singular e apaixonante. Como se conta uma vida senão explorando seus lugares simbólicos e geográficos, reconstruindo um mapa de si mesmo e do mundo vivido? Entre a Basilicata e o Brooklyn, de Roma a Londres, da infância ao futuro, este romance de Claudia Durastanti é uma aventura ― muito pessoal ― que combina novas e velhas migrações. 

Filha de pais surdos que se opõem à sensação de isolamento com uma relação tão apaixonada quanto raivosa, a protagonista vive uma infância febril, algo frágil, mas capaz, como uma planta teimosa, de deixar raízes em todos os lugares. 

Descendente de uma família de imigrantes que trocou a Itália pelos Estados Unidos, ela nasceu no Brooklyn. Mais tarde voltou com a mãe para a aldeia da família na Itália. Adulta, se muda para Londres. Em todos esses lugares, a mesma sensação: a de ser estrangeira. Mas a menina que se tornou adulta não para de traçar novos caminhos migratórios: para o estudo, para a emancipação, para o amor irremediável. 

A alteridade se torna parte de seu espírito. História de uma educação sentimental bastante contemporânea, A estrangeira cativa pela fluidez de seu texto e de sua própria forma ― capaz de conter a geografia e o tempo. E demonstra que a história de uma família, suas vozes e seus percursos, é, antes de tudo, a narrativa de uma casa que pode estar em todos os lugares.

Sinopse da editora

"Esta era uma das vantagens da solidão: não era necessário buscar simetrias."


Sabe quando você lê um livro que mais parece um desabafo de uma amiga do que uma história? Foi essa a sensação que tive ao ler “A estrangeira”, uma autobiografia de Claudia Durastanti, publicado aqui no Brasil pela editora Todavia.

A Claudia é filha de pais surdos e imigrantes italianos. Ela nasceu no Brooklyn, Nova York, e se mudou ainda jovem para a Itália com a sua mãe. Durante a sua vida universitária a autora se muda para a Inglaterra e todas as 253 páginas do livro são um relato de como ela não se sente pertencente à lugar algum.

A escrita de Claudia me lembrou muito a de Elena Ferrante, e a sua narrativa é muito semelhante a trilogia Esboço, de Rachel Cusk. O livro tem capítulos bem curtos, e pra mim foi um exercício de “escuta” e empatia. Digo isso porque muito do que Claudia sentiu provavelmente seria sentido de forma diferente por mim, mas como nossas experiências de vida são únicas e individuais, o meu relacionamento com minha mãe é bem diferente do de Claudia com a mãe dela, não dá para usar a minha régua para julgar a forma como ela se sentiu diante de tudo o que passou.

Ler este livro é como ter uma conversa com uma amiga que precisa desabafar, e isso pode gerar uma certa estranheza e desconforto caso você não tenha muita paciência para “ouvir”. Mas trata-se de um desabafo de alguém que nunca se sentiu pertencente a nenhum lugar, nem mesmo dentro de sua própria família.

Embora a leitura seja bem morna, sem nenhum plot ou algo extraordinário, Claudia traz muitos relatos sobre a infância dos pais, como eles se conheceram, a motivação do casal para imigrar para perto da familia da mãe, e como foi crescer diante desses dois universos, que na visão dela, era praticamente paralelos.

Teve momentos do livro que me identifiquei muito com ela, como o capitulo de sua adolescência, principalmente em relação aos anseios bobos e por ficar horas pensando em como uma música tinha tudo a ver com um filme que gostava. No caso, ela conta como uma música do REM parecia uma analogia do filme “Conta comigo”.

Não é um livro para ler a qualquer momento. Ele exige muito da sua concentração e paciência,mas também nos traz diferentes reflexões de como nos sentiríamos diante das mesmas situações em que Claudia viveu.

Em muitos momentos Claudia é bastante dura na critica aos pais, e isso pode incomodar bastante algumas pessoas, mas eu acho as criticas honestas, não me incomodou não. Ela expõe um pai muito problemático e uma mãe bastante impulsiva. E quando a gente pára para analisar, percebe que nada mais é que um comportamento reflexo da educação (ou a falta de) que ambos tiveram.

Eu visualizei 3 partes distintas contextualizadas no livro: um breve relato sobre a juventude dos pais, e como eles se conheceram, a construção de sua família, assim como a sua ruína. E já no final do livro, Claudia até esquece um pouco da existência dos pais, falando mais sobre si mesma e seus relacionamentos. Mas depois você entende que é a maneira como a autora quer que você perceba o quanto sua vida familiar afetou os seus relacionamentos.

Se Claudia fosse minha amiga e me pedisse um conselho, eu diria a ela que o reflexo de sua vida sentimental não tem nada a ver com a surdez de seus pais, mas sim a relação tóxica que eles tiveram, e que ela presenciou.



25 de jul. de 2025

 


The Bear chegou em sua quarta temporada na Disney Plus menos barulhenta e mais delicada. Trouxe uma leveza no tom, mesmo que o mundo pareça desmoronar na história. Um ultimato inesperado, decisões tomadas, umas surpreendentes, outras nem tanto, e um episódio que arrebentou meu coração. 

Este é um resumo básico, mas destrinchei a série da primeira a quarta temporada neste vídeo lá no meu canal do Youtube.

E se você ainda não é inscrito por lá... tá esperando o que?


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