Desde 2008, quando postei pela primeira vez aqui no PhD, eu tinha uma única certeza: eu não queria engessar meu conteúdo, transformando esse espaço em um blog segmentado. Daquele ano para cá um trilhão de assuntos já foram postados nesse espaço, textos esses assinados por tanta gente incrível que já deixou a sua marca aqui, e que morro de orgulho por fazer parte disso.
Com o advento das mídias sociais a internet foi se transformando. O nosso comportamento também mudou demais, influenciado especificamente por essa nova onda virtual que tomou conta da nossa vida em todos os sentidos possíveis, e como tudo que é excessivo, também nos causou um grande mal.
Eis que o algoritmo surgiu para se transformar em um terceiro elemento na sala social. Ele é aquele convidado que nunca foi chamado, mas acha que sabe de tudo, e se intromete em todas as conversas. Sugere tanta coisa que até nos cansa. E aí que nossa bateria social acaba. Tudo por culpa dele.
É ele também que desencoraja qualquer pessoa em acreditar em seu potencial real. Ele molda tanto as pessoas, prometendo falar bem de você para todos, mas exigindo que todos dancem a mesma música, sigam o mesmo ritmo, falem das mesmas coisas, que ao cumprir sua promessa, transforma todo mundo em um único rosto, uma única voz. Milhares de pessoas com o mesmo assunto e sem nenhuma espontaneidade.
E é aí que a gente se cansa.
É tanta gente sentindo necessidade de performar que nada mais é natural. É tanta gente deixando de entregar conteúdo criativo e interessante, porque ninguém fala sobre isso, e consequentemente, o medo de "flopar" fala mais alto. E esse controle também cansa para quem adota esse tom, e para quem consome esse tom.
Esse assunto tem tantas camadas que ao invés de fazer textão, decidi gravar um video a respeito no canal. E ele está aqui.
Quem mais cansou de ouvir as mesmas músicas? Assistir o mesmo tipo de filme? Ver inúmeras trends fazendo a mesma coisa, mudando só a fuça de quem produz?
O algoritmo veio para enfiar todo mundo em suas bolhas, e quem ousa estourar se torna invisível.
Quando a década de 1980 começa a dar as caras no Rio de Janeiro, o tempo é de contradições. À efervescência musical e a uma febril vontade
de viver, unem-se a instabilidade política, a aterrorizadora epidemia de aids e o aumento do tráfico nas favelas. E cinco personagens, de idades diferentes, aspirações diferentes, mundos diferentes, veem a vida mudar completamente. Inácio, apaixonado por Baby, larga a faculdade de engenharia quando conhece César, produtor musical gay que, como Baby, busca encontrar o próprio lugar no mundo. Selma, mãe de César, lida com o abandono do marido e o medo de perder o filho. Em seu prédio, trabalha Rosalvo, paraibano recém-chegado à Rocinha em busca do assassino de sua filha trans.
Gostaria que você estivesse aqui é um romance sobre perder a inocência e entregar-se ao mundo por inteiro.
Sinopse da editora
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Quando tive meu primeiro contato com a escrita de Fernando Scheller com o livro “o amor segundo buenos aires”, sabia que ele se tornaria um dos meus autores nacionais favoritos, e foi com “gostaria que você estivesse aqui” que eu tive certeza.
Porque Fernando não escreve somente histórias, ele poetiza vidas ordinárias.
Nesse livro somos apresentados a personagens cariocas que vivem na década de 1980. Embora pareça que Inácio seja o ponto central da história, todos ali têm suas respectivas funções significativas na trama. Cada um traz ao livro uma perspectiva diferente à história: há o romance, há o não romance, há a história da AIDS dando sinais de grande avanço no país e há ainda o pai que quer vingar a morte da filha trans. Não teve um personagem sequer que deixou de me prender a cada capítulo lido.
O final do livro deixa aquele gostinho de quero mais: a gente quer saber mais sobre a nova vida de Selma, como será a vida adulta de Inácio e de Baby, as consequências do último ato de Rosalvo. Mas nada que tire todo o brilho da história, em que o autor sabia exatamente onde ele deveria parar de narrar.
Tô ansiosa para o próximo lançamento de Fernando Scheller.
Trilogia de Copenhagen é a obra-prima de Tove Ditlevsen (1917-1976), uma das principais vozes da literatura dinamarquesa do século XX, e reúne três volumes autobiográficos. Em Infância , acompanhamos a história dos primeiros anos da escritora, que cresceu em um bairro operário e sonha em se tornar poeta. Juventude descreve suas primeiras experiências sexuais e profissionais e a conquista de sua independência. No terceiro volume, Dependência , Tove já é conhecida nos círculos literários ― mas sua vida pessoal entra em colapso comcasamentos conturbados e o vício em opioides.
Ao longo de todo o livro, está presente o embate entre a vocação literária de Tove e as expectativas reservadas a uma mulher de classe trabalhadora. Sucesso internacional de público e crítica, a Trilogia pode ser considerada uma antecessora intelectual e temática da obra de Annie Ernaux e Elena Ferrante, destacando-se por sua honestidade brutal e pela representação das amizades femininas.
Sinopse da editora
"Acho que isso é que os adultos tem de pior: nunca passa pela cabeça deles que, uma vez na vida que seja, agiram mal ou foram irresponsáveis. Têm muita pressa em julgar os outros, mas o dia de julgar a si próprios nunca chega."
Sabe quando você pega um livro bom no mood errado? Foi essa a minha experiência de leitura com A Trilogia de Copenhagen, pois estava eu em um momento que exigia uma leitura levinha, e acabei em um torpor denso dessa leitura avassaladora.
Mas essa densidade chegou aos poucos.
O primeiro capitulo sobre a infância me transmitiu algo que há muito eu ando refletindo: quando somos crianças temos a capacidade de proteger o nosso psicológico criando vertentes de nossos pais, e por isso temos muita facilidade para enxergarmos como heróis, como figuras imbatíveis que jamais deixariam acontecer algo conosco.
Quando crescemos e perdemos essa venda, parece que o baque é maior. Reconhecer as falhas de nossos até então heróis é doloroso, e muitas vezes difícil ao ponto de muitos se permitirem a submissão mesmo que esse relacionamento seja nocivo e penoso.
O capítulo da infância me surpreendeu pela clareza que a autora, ainda tão nova, tinha de sua realidade. A frieza da educação recebida tão comum naquela época é autoexplicativa - famílias disfuncionais que criaram novas famílias disfuncionais, que criaram outras novas famílias disfuncionais ao longo de tantos anos - se caso não conhecemos alguma família assim, certamente fazemos parte de uma.
Já o capítulo da juventude me levou a um outro universo lido antes - a da tetralogia napolitana, de Ferrante. Acho que por isso muitas pessoas assemelham a obra da autora italiana com a pioneira Tove. Um universo no qual a precariedade se faz presente, e que todos os jovens, sem exceção, buscam um lugar no mundo - a necessidade pulsante da aceitação.
Nessa fase Tove mostra o quão era a frente de seu tempo. O quanto os seus desejos iam além do que as moças de sua idade costumavam almejar para suas vidas, e ao mesmo tempo, vivia na mesma insegurança psicológica, emocional e financeira que muitas viviam.
Mas o baque maior foi o capítulo da dependência. Uma fase que chegou como um cometa na vida de Tove. Fiquei arrasada com seu relato forte, até apressado, sobre esta fase tão perturbada, e que depois descobri que infelizmente levou a sua vida. É desesperador saber que um toxicodependente abre mão de todas as coisas boas de sua vida para alimentar seu vício, seja a família, um grande amor e/ou uma carreira brilhante.
A trilogia foi escrita entre 1967 e 1971, e Tove faleceu em 1976, somente 5 anos depois da última parte de sua trilogia ter sido lançada.
Já faz um tempo que venho refletindo muito sobre o uso das redes sociais em minha vida e os efeitos colaterais que elas me causam - afinal de contas, eu trabalho nesse universo há quase duas décadas e é sempre necessário fazer uma força, mesmo que hercúlea, para manter a sanidade diante dessa nova realidade.
Falta de paciência, falta de interesse na vida real, comparações absurdas, sentimento de inferioridade, dores nos braços, postura modificada, ansiedade e até mesmo depressão são só alguns dos inúmeros efeitos sentidos por diversas pessoas, que muitas vezes até demoram para notar o verdadeiro causador de tudo isso. Mas o que fazer para mudar?
Por que somos uma geração apressada?
Por que nos tornamos uma sociedade formada por pessoas cada vez mais isoladas?
Afinal de contas, o que é F.o.M.O.?
Vem bater um papo comigo sobre tudo isso neste meu vídeo?
Maya Killgore tem 23 anos e ainda está descobrindo o que quer da vida. Conor Harkness tem 38, e Maya não consegue parar de pensar nele.
É um clichê tão grande que o coração dela quase não aguenta: homem mais velho e mulher mais nova, empresário rico e estudante falida, melhor amigo do irmão e a garota na qual ele nunca reparou.
Como Conor adora relembrar, a dinâmica de poder entre eles é totalmente desequilibrada. Qualquer relação entre os dois seria muito problemática e Maya precisa superá-lo. Afinal, Conor já deixou claro que não a quer em sua vida.
Mas nem tudo é o que parece... e clichês às vezes sofrem reviravoltas.
Quando o irmão de Maya decide se casar na Itália, ela e Conor são forçados a passar uma semana juntos em uma charmosa villa siciliana. À beira da praia, em meio a antigas ruínas, comidas maravilhosas e cavernas naturais, Maya percebe que talvez Conor esteja escondendo alguma coisa.
Em meio aos caóticos preparativos para o casamento, ela decide que um romance de verão pode ser justamente o que precisa... mesmo que seja problemático.
Sinopse da editora
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Este foi o meu primeiro contato com a autora Ali Hazelwood, e para quem estava precisando de uma leitura leve para deixar o cérebro bem lisinho lisinho, tive 100% de aproveitamento.
Quem espera um livro que traga alguma reflexão ou coisa do gênero vai cair do cavalo - o ideal é nem criar expectativa nenhuma, já que estamos falando de uma comédia romântica em que os personagens principais tem uma diferença gritante de idade, e embora o cara sempre seja resistente a levar esse relacionamento adiante por conta da imagem negativa que ele tinha do pai (que pegava só novinhas), a ideia não é trazer nenhum ensinamento básico sobre isso mesmo.
Aliás, o que a Maya (a protagonista) menos deixa acontecer nessa história é que uma conversa séria aconteça, mesmo quando é necessário. As piadolas dela me arrancaram risadas em certos momentos, mas em outros eu simplesmente queria que ela desse uma calada de boca.
No mais, a autora sabe construir muito bem coadjuvantes interessantes, diálogos envolventes e não poupa detalhes nas cenas hots - o que pode incomodar bastante as leitoras mais recatadas.
Cida, uma mulher sem identidade nem memória, reconstrói pouco a pouco uma nova vida em um lugar completamente desconhecido. Jorge encontra nessa misteriosa estrangeira uma paixão inesperada, que recria o que não parece provável. Do outro lado do Atlântico, Joana é o fantasma de um amor há muitos anos perdido por Miguel.
Quando os quatro personagens se entrecruzam no tempo em busca de respostas para as próprias angústias, se deparam também com uma trama fantástica sobre magia, ancestralidade e pertencimento. Oração para Desaparecer é uma das histórias possíveis sobre o amor e seu poder de dissolver as barreiras do imponderável.
Sinopse da editora
"As pessoas não tem consciência que escrevem uma história enquanto vivem"
Esse foi o meu primeiro contato não só com Socorro Acioli mas também com o realismo mágico, e foi uma grata surpresa, muito embora eu acredite que não é um tipo de leitura que agradaria a todos.
Muitas vezes eu me encontrava sem paciência para retomar minha leitura, por conta da prolixidade da narrativa, mas apesar dessa característica, encontrei passagens recheadas de beleza e reflexões sobre a vida, sobre o amor, sobre ancestralidade e mais para o final, também sobre fé.
Cida e Jorge formam o casal dos sonhos - um amor honesto, bonito e orgânico. E a forma como ele ajudou Cida a descobrir sua verdadeira história é bastante tocante.
Acho que o livro deslancha do meio para o fim, e faz jus a todos os elogios recebidos por quem já leu esta obra.