6 de nov. de 2024
Será que o italiano é mesmo a língua do amor?
Anna nunca conheceu o pai. Quando descobre por acaso que ele é italiano, ela mergulha nesse novo universo, preparando focaccias e tiramisùs, se inscrevendo em um curso de idiomas e até mesmo cogitando desenterrar seu passaporte para ir encontrar o pai.
Catherine não sabe o que o futuro lhe reserva agora que os filhos foram para a universidade e o marido a abandonou. De repente, ela percebe que precisa reencontrar sua identidade. Aproveitando o tempo livre para aprender italiano, Catherine faz novos amigos, que serão o seu suporte quando descobrir que as mentiras do marido vão muito além da infidelidade.
Sophie é a professora de Anna e Catherine, mas queria mesmo era voltar para a ensolarada cidade italiana de Sorrento. Ela só está esperando que o pai se recupere de um ataque cardíaco para, assim, fugir das tensões familiares. Mas às vezes a vida e o amor podem surpreender...
A cada nova aula, as amizades se fortalecem e alguns segredos são revelados. Trazendo relacionamentos amorosos inesperados e decisões difíceis, este será um ano inesquecível para Anna, Catherine e Sophie.
Sinopse da editora
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Meu primeiro contato com a autora Lucy Diamond foi com “A casa dos novos começos” e essa leitura foi uma grata surpresa pra mim. Na época, emendei quase na sequência “o café na praia” e achei o livro delicioso. Mas os últimos livros da autora que li me trouxeram uma dúvida: se a qualidade de sua escrita deu uma caída ou se eu que amadureci como leitora.
Eu não via a hora de terminar “Uma noite na Itália”. Achei a história fraquíssima, com pouquíssimo desenvolvimento dos personagens e uma escrita preguiçosa que chegava a doer. As vezes tive a impressão que o livro foi reescrito a pedido da editora, porque ao invés de desenvolver as situações, a autora mencionava os acontecimentos “no dia seguinte” ou “na semana seguinte” de uma maneira até viciada. Isso me quebrava o encanto de um jeito que me impediu de me conectar com a história.
Resumindo: achei que este livro era uma meta a ser batida a pedido da editora. Sabe quando o escritor fecha contrato por 4 livros, mas a inspiração acabou no 2º?
21 de out. de 2024
Trinta e cinco anos depois de Feliz ano velho , Marcelo Rubens Paiva traça uma história dramática da luta de sua família pela verdade.
Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras.
Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento obscuro da história recente brasileira para contar ― e tentar entender ― o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.
Sinopse da editora
"A memória não se acumula sobre outra. A recente não é resgatada antes da milésima. Que não fica esquecida sob o peso das novidades, do presente. O passado interage com o segundo vivido, que já ficou para trás, virou memória recente. Memórias se embaralham."
Terminei aos prantos esse livro que é uma verdadeira aula de história e de humanidade, escrito por alguém que viveu e sofreu muito de perto as atrocidades da época mais nojenta e vergonhosa que o Brasil já viveu: a ditadura militar.
Eu tô aqui ainda degustando a sensibilidade de Marcelo Rubens Paiva, e tentando encontrar palavras adequadas para falar sobre este que foi um dos melhores livros que li na vida, e ele já começa com uma paulada indireta. Marcelo usa das repetições pra trazer a nossa consciência a fragilidade do cérebro de uma pessoa com Alzheimer. Ele já nos entrega um prelúdio do que será a história da dona Eunice, e já terminei o 1º capítulo queimando largada, com o rosto lavado de lágrimas.
No segundo capítulo, comecei a sentir que este livro não somente narra a história de luta da mãe de Marcelo, como também é uma celebração honesta ao nosso poder de lembrar. Das memórias que construimos ao longo da vida e o quão precioso é a gente poder reviver tais memórias sempre que quiser.
"Descobri então que Eunice não foi uma só. Existiram algumas que não se contrapunham, completavam-se, não se contradiziam, somavam-se, reconstruíam-se da tragédia, alimentavam-se dela para renascer."
Do terceiro capítulo adiante começa a grandiosa aula de história. Somos introduzidos a visão de Marcelo, ainda pequeno, diante o sequestro de seu pai, e a prisão de sua mãe e irmã mais velha. São várias camadas que separam a mesma história dos olhos do Marcelo criança e da verdade que levou o seu pai a morte, e de tantas mentiras contadas para justificar o desaparecimento de Rubens.
Só nos últimos capítulos, em que Marcelo conta mais a fundo como dona Eunice foi adoecendo aos poucos, que tudo passa a fazer sentido. Todos esses pormenores de toda a história se costuram a doença do esquecimento, e de como a vida se mostra um imenso paradoxo: alguém que lutou tanto contra o sistema mais absurdo que nosso país já viveu, movida pelas lembranças de uma tortura contra seu próprio marido, passou os últimos anos de sua vida sem lembrar de mais nada.
"Até então, acreditava-se que a memória era compartimentalizada num reservatório, numa parte do cérebro, que os pensamentos a elaboravam, a interpretavam e a engavetavam por lá. Sabemos agora que não. Ela não fica armazenada em uma seção exclusiva, mas espalhada pelo cérebro todo, vive em sinais e impulsos eletromagnéticos. As lembranças se movem pelo cérebro. Não à deriva, pois a qualquer momento neurônios constroem milhões de novas conexões e as resgatam. O circuito neurológico se modifica a cada segundo. Somos diferentes em cada instante que vivemos. Temos um cérebro diferente a cada segundo. E quando lembramos algo, as conexões mudam fisicamente a memória de lugar." (pág. 195)
Este livro é muito necessário. Deveria ser leitura em sala de aula. Se não vivêssemos em um período tão alienado, em que as pessoas ignoram qualquer oportunidade de conhecer a verdade, certamente traria consciência pra muitas pessoas que ainda acreditam que “só sofria na ditadura quem não andava na linha”.
Outros trechos de "Ainda estou aqui" que destaquei durante a minha leitura:
"— A tática do desaparecimento político é a mais cruel de todas, pois a vítima permanece viva no dia a dia. Mata-se a vítima e condena-se toda a família a uma tortura psicológica eterna. Fazemos cara de fortes, dizemos que a vida continua, mas não podemos deixar de conviver com esse sentimento de injustiça." (pág. 141)
"Naquela tarde que pegamos o atestado de óbito, em 1996, vi minha mãe então chorar como nunca fizera antes. Era um urro. Não tinha lágrimas. Como se um monstro invisível saísse da sua boca: uma alma. Um urro grave, longo, ininterrupto. Como se há muito ela quisesse expelir. Pela primeira vez, me deixou falar, sem me interromper. Pela primeira vez, na minha frente, chorou tudo o que havia segurado, tudo o que reprimiu, tudo o que quis. Foi um choro de vinte e cinco anos em minutos. O rompimento de uma represa." (pág. 191)
7 de out. de 2024
Kathleen Rosenberg― ou Katee Rose, como costumava ser conhecida― vivia o sonho de ser uma estrela pop com shows esgotados, fãs gritando e paparazzi por todos os lados, prontos para registrar cada passo dela e de Ryan LaNeve, seu namorado e um dos membros da adorada boy band CrushZone. O problema é que Katee não se sentia confortável em levar uma vida fabricada para agradar a mídia, e foi nos braços de outro membro da CrushZone, Cal Kirby, que ela realmente se sentiu em casa. Mas uma noite inesquecível foi o suficiente para colocar um fim ao relacionamento com Ryan e em sua carreira...
Quase quinze anos depois, Kathleen está satisfeita com sua existência comum e por ter deixado a imagem de diva pop no passado. Até Cal Kirby aparecer com a oportunidade dos seus sonhos: estrelar um musical na Broadway. Mas tem um problema: ele é o diretor do espetáculo. Os dois não se falam desde a destruição mútua de suas carreiras e cada um culpa o outro, o que torna esse reencontro uma tensa batalha de egos. Mesmo relutante, Kathleen aceita dar uma nova chance à carreira e tentar mais uma vez... com emoção!
Contudo, os ensaios são longos, e a maldita covinha de Cal ainda desperta nela as mesmas sensações que Katee Rose sentiu um dia. Mas será que reacender as chamas do passado será uma boa ideia? Especialmente quando, anos atrás, tudo terminou em cinzas?
Sinopse da editora
Assim como seu livro anterior “Já que você perguntou”, Elissa Sussman traz um romance bem humorado com pinta de inspiração em artistas reais. Enquanto o primeiro livro dava todos os indícios que era de Chris Evans que ela estava falando, aqui me pareceu que a autora quis criar um final feliz para a Britney Spears e o Justin Timberlake. Os indícios disso são muitos: o cabelo loiro, o sexismo escancarado em cima de uma celebridade teen do final dos anos 1990/ começo de 2000, a sonoridade do nome completo de Cal, entre outros pequenos detalhes que só quem viveu e curtiu aquela época irá conhecer.
Não espere uma história inspiradora aqui - é um livro pra você se divertir. Até mesmo porque temos uma protagonista insuportável de teimosa e imatura, que te faz passar raiva em grande parte dos capítulos. É um livro pra você pegar depois de se enveredar em uma leitura densa, que te pede um descanso mental, tal qual um filme de comédia romântica.
Outras obras da autora que já li:
1 de out. de 2024
Depois que o coração para de bater, o cérebro permanece ativo por 10 minutos e 38 segundos. Para Leila Tequila, uma prostituta de Istambul que acabou ser assassinada, cada um desses preciosos minutos traz à tona uma memória: o gosto do guisado de bode sacrificado pelo pai para celebrar o esperado nascimento de um filho, o cheiro de limão e açúcar da cera que as mulheres usavam para se depilar na sala de estar de sua casa, o gosto do café de cardamomo que ela toma com um estudante bonito no bordel em que trabalha. Essas memórias, que se esvaem nos breves minutos que lhe restam, trazem de volta as amizades que ela formou em sua vida agridoce, amigos que agora estão desesperadamente tentando encontrá-la.
Profundo, brutal e emocionante, 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho traz em suas páginas um vórtice de dor e beleza. Elif Shafak apresenta uma história sobre trauma, violência sexual e as agruras da vida das mulheres turcas, que estão sujeitas a um sistema social cruel, regido pelo regras e amarras do patriarcado.
"A possibilidade da dizimação imediata e completa da civilização não era nem de longe tão assustadora quanto a simples compreensão de que a nossa morte individual não tinha nenhum impacto sobre a ordem das coisas, de que a vida continuaria exatamente igual com ou sem nós. Isso, ela sempre pensara, era aterrador."
A história de Leila Tequila, ou o fim dela, foi muito bem escrito pela autora. Cada capitulo sendo remetido à uma memória de sua vida, engatilhada por um cheiro ou sabor, é uma maneira romântica de amenizar o choque que é de saber que cada minuto contado ali é o cérebro de uma pessoa morta se apagando. Diferente de O poço e o pêndulo, de Edgar Allan Poe, aqui nós não encontramos uma história que é narrada com o terror da morte, mas sim com a sentimentalidade do que levamos dessa vida.
Embora Leila seja uma personagem que carregou muitas dores ao longo de sua jornada, ela foi lindamente recompensada com a amizade verdadeira de 5 pessoas que a sociedade considera desajustadas. Desajustadas aos olhos de quem nem faz questão de conhecê-las, porque para Leila, foram pessoas que preencheram a sua vida de amor de um forma muito mais genuína do que sua própria familia não foi capaz.
Este livro traz uma reflexão muito necessária sobre inclusão e violência. Eu demorei mais do que o normal para finalizar essa leitura, mesmo o livro sendo curtinho, pois a história é tão densa que eu precisei de um tempo em diversas finalizações de capítulos, pois em alguns momentos eu senti alguns gatilhos. É uma história agridoce, mas extremamente necessária.
Já nos agradecimentos do livro, a autora escreveu alguns dados que acho pertinente encerrar esta resenha com eles:
"Até o ano de 1990, o Artigo 438 do Código Penal Turco era usado para reduzir a pena de estupradores em um terço se eles conseguissem provar que a vítima era uma prostituta. Legisladores defendiam o artigo com o argumento de que 'a saúde mental ou física de uma prostituta não podia ser afetada de maneira negativa pelo estupro'. Em 1990, um número crescente de ataques contra profissionais do sexo motivou protestos furiosos em diversas partes do país. Por essa forte reação da sociedade civil, o Artigo 438 foi revogado. Mas, desde então, surgiram poucas leis no país que buscaram aumentar a igualdade entre os gêneros, ou, especificamente, melhorar as condições de profissionais do sexo."
26 de ago. de 2024
Jeanne perdeu o grande amor de sua vida. Aos 74 anos, precisa encarar uma viuvez dolorida. De repente, viu-se sozinha no apartamento com quem compartilhou décadas de um casamento feliz, só ela e Pierre.
Em suas visitas diárias ao túmulo do marido, ela compartilha sua solidão e seus medos, inclusive o de não conseguir pagar todas as contas sem o salário dele. Para resolver o problema, ela toma uma decisão impulsiva: alugar um dos quartos do apartamento. Mal sai pelo bairro distribuindo folhetos de divulgação e já consegue dois candidatos: Théo, aprendiz de confeiteiro da padaria ali perto, e Iris, uma jovem cuidadora de idosos e doentes.
Théo está ansioso por ter um lugar decente para morar. O carro dentro do qual vivia foi rebocado com todos os seus pertences, e o custo de recuperá-lo é mais alto do que ele pode bancar. Alugar um quarto próximo ao trabalho é a opção perfeita. Iris também está desesperada. Sem aviso prévio, o locatário do apartamento em que morava pediu o imóvel de volta, e ela tem poucos dias para achar um novo teto. Pior: precisa ser o mais discreta possível, para que uma pessoa do seu passado não a encontre.
Jeanne segue sua intuição, desocupa o terceiro quarto do apartamento e recebe Théo e Iris para morarem com ela. A princípio indiferentes uns aos outros, a convivência vai despertando sentimentos inesperados, e assim a solidão dos três pouco a pouco transforma completamente a vida de cada um.
Sinopse da editora
"Ela interrompe a frase. A frase que ouvi tantas vezes, desde sempre. Em minha própria boca, às vezes. Essa frase que inverte os papéis, que atenua a responsabilidade do culpado e sobrecarrega a vítima. Essa frase que sugere que mulheres agredidas merecem o que acontece com elas, porque elas não foram embora. Minha mãe talvez entenda, agora que a frase se refere à sua filha. Pois o ser humano é assim, infelizmente: ele só entende certas coisas quando as confronta pessoalmente."
Estava eu precisando de uma leitura tão deliciosa, cheia de nuances simples, mas com muita profundidade e significados singelos. "O que resta de nós" traz uma história comovente de 3 pessoas que a vida une por pura necessidade, mas que a presença de cada um deles na vida do outro se torna um remédio delicioso de ler.
E durante a nossa leitura, aprendemos muito com Jeane, Iris e Theo, personagens de gerações distintas, com histórias distintas, mas com dores que se conectam. E essa história não se trata de um drama: temos uma narrativa muito bem humorada, que proporciona uma experiência irreverente, que dá vontade de você devorar cada página de uma vez só.
E essa missão é muito possível, já que temos um livro de capítulos bem curtinhas, e uma escrita leve e direta de Virginie Grimaldi. Não tem uma página sequer que você ache desinteressante nessa história. A juventude de Théo traz uma leveza humorada, a lucidez de Jeane, misturada com sua esperança em meio ao luto, é motivadora, e a força de Iris é inspiradora. Você certamente terminará este livro querendo muito mais desses 3.
Agora eu já quero devorar todos os livros da autora, que ganhou o meu coração logo no primeiro livro que li dela. E pelas sinopses das outras obras, já me dei conta que serão outras experiências incríveis.
Informações técnicas:
O que resta de nós tem 276 páginas e foi lançado em 30 de julho de 2024 no Brasil. Não há restrições de idade.
18 de ago. de 2024
Duas pessoas se encontram por acaso no Instituto de Arte de Chicago. A partir desse momento, Aldo Damiani e Charlotte Regan têm dificuldade de ficar longe um do outro.
Ele é um teórico antissocial que mantém a mente ocupada com cálculos sobre viagem no tempo e abelhas. Para Aldo, o mundo é caótico e perturbador. Então, ele constrói rotinas, regras e fórmulas. Sem isso, sua existência entraria em colapso.
Ela é uma falsificadora de arte que prefere mentiras a verdades. Para Regan, todas as pessoas são previsíveis e entediantes. Ela lida com o tédio da existência tomando decisões impulsivas, imaginando que uma nova linha do tempo é criada a cada ação.
Quando os caminhos dos dois se cruzam, eles ficam intrigados pela mente um do outro. Decidem ter apenas seis conversas, como as seis pontas de um hexágono, antes de se separarem outra vez. Porém, a colisão de suas personalidades leva a uma paixão que às vezes parece um encaixe perfeito e às vezes um desastre capaz de eliminar qualquer vestígio de estabilidade em suas vidas.
Uma leitura intensa e honesta, 0 Nós dois sozinhos no éter traz uma reflexão profunda sobre vulnerabilidade, a natureza do amor e a complexidade de nos relacionarmos quando tudo dentro de nós está ruindo.
Sinopse da editora
"As vezes sinto que só estou esperando por algo que nunca vai acontecer. Como se eu só estivesse existindo dia após dia, mas que nada jamais vai ter importância. Eu acordo de manhã porque preciso, porque tenho que fazer alguma coisa, senão sou só um zero à esquerda ou porque, se eu não atender ao telefone, meu pai vai ficar sozinho. Mas é um esforço constante, é trabalhoso. Todo dia eu preciso dizer a mim mesmo para sair da cama. Levante-se, faça isso, se mexa assim, converse com as pessoas, seja normal, tente socializar, seja legal, tenha paciência. Por dentro só sinto, sei lá, um vazio. Como se eu não passasse de um algoritmo que alguém determinou".
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Eu ainda não sei dizer muito bem o que achei deste livro. Não sei nem dizer se gostei ou não, pra ser muito honesta, mas o que posso dizer é que este foi uma daquelas obras que me fez mudar de ideia depois que li os agradecimentos da autora - parece que algumas coisas passaram a ter mais sentido, sabe?
Não foi uma leitura prazeirosa, isso eu posso assumir. Muitas vezes achei a história arrastada, e o excesso de essência poética na narrativa me cansou bastante em diversos momentos (eu definitivamente não estava para essa pegada). Acho que foi por isso também que não me apeguei aos personagens, não criei empatia alguma por eles, e em certos momentos me dava a impressão que páginas brotavam cada vez que eu terminava um capítulo. Pode parecer controverso, mas tudo isso não me fez odiar a história. Adentrar na cabeça de duas pessoas brilhantes, mas disfuncionais, me fez ficar, me fez ter vontade de saber mais deles.
Regan pode parecer uma personagem mimada, mas essa é realmente a impressão que pessoas ansiosas e bipolares podem causar na gente. Percebe-se que ela passou longe de uma criação cheia de mimos, muito pelo contrário, enquanto Aldo foi o responsável por nos mostrar o quanto uma pessoa de QI elevado pode parecer arrogante, quando na verdade é só uma pessoa tentando se encaixar como pode (e grande parte das vezes falha miseravelmente).
O livro é todo embalado pelo romance, mas acredito que ele vai além dessa questão - ele fala sobre um romance atípico, beirando a toxicidade, mas que de alguma maneira deu certo para duas pessoas que sempre sentiram que falharam o tempo todo.
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