Me encontrava no mesmo bar das sexta-feiras tristes, sentada de frente pra um espelho que refletia as cores da pista de dança, logo ali atrás de mim. Mas estava longe, muito longe, segurando um copo de whisky, olhando fixamente pro espelho, que me refletia.
Mas na verdade não me via ali, parada. Estava longe, lembrando da tarde de quarta-feira, que havia me encontrado com Luque, seus cabelos louros opacos, ali, sentado na minha frente, naquele café próximo a rua Augusta. Apreciávamos o nosso café amargo, e recheávamos os bolinhos com historias amargas de relacionamentos amargos. A chuva batia de um jeito diferente na janela, fazia um barulho agradável. Fez a trilha sonora daquela tarde. Luque sempre me agradava com seus elogios, muitas vezes soavam como um convite pra um motel barato, mesmo assim me divertia com a sua companhia, sua historias macabras, seus sexo barato e o seu coração de pedra.
Saímos do café de mãos dadas, talvez fosse a primeira vez que alguém tenha feito meu coração palpitar, só de segurar minhas mãos, atravessamos a Paulista em direção ao estacionamento em que estava meu carro.
Ainda nessa condição de dedos entrelaçados trocamos olhares, um rosto se aproximou do outro e sem pensar o beijei. Beijei ao som da chuva, de mãos dadas, naquela tarde de 15 de Agosto.
CONTINUA...
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