Após 3 dias de contato telefônico, decidimos nos encontrar na estação de metrô que mais facilitava para ambos. Antes de sair do trabalho, nos falamos novamente por telefone, e era engraçado como quando eu estava longe eu ficava realmente ausente, diferentemente de quando mantínhamos contato, mesmo que virtual.
Depois de colocar o telefone no gancho, reparei como o céu estava bonito! Parecia uma aurora boreau - as nuvens "pintadas" de lilás e rosa, abrilhantando o pôr-do-sol. Fiquei olhando aquela obra divina de Deus por alguns imperdíveis minutos e registrei com a câmera de meu celular.
Já na estação, esperei por longas duas horas, mas eu sabia que a demora seria grande, devido à minha facilidade maior de chegar até o lugar combinado. Me distrai lendo torpedos antigos no meu telefone... e apaguei os que mais me traziam lembranças inoportunas. Um amor passado, uma ferida que hoje cicatrizava aos poucos, mas que tinha me deixado grandes sequelas.
Nove e quinze e aquele largo sorriso apontou no começo da plataforma. Levantei do banco enquanto ele caminhava ao meu encontro. Nosso sorrisos se cruzaram e um longo abraço foi dado, cheio de ternura de uma doce e sincera admiração. Conversávamos horas a fio, mas tinha momentos que nossos olhos trocavam as ideias - o silêncio nos permitia escutar os passos largos que esse sentimento nos fortalecia. Ele também se encontrava na mesma situação que eu - em todos os sentidos.
Antes de ir embora ele puxou seu celular do bolso, e me explicou que precisava me mostrar algo surreal. Diante daquela mini-tela pude ver a mesma paisagem que meus olhos apreciaram naquele final de tarde após termos conversado por telefone, e sem que nós combinássemos, voltamos os nossos olhos no mesmo momento ao céu. Ambos sentiram seus corações acelerarem diante de tal sintonia.
Cheguei em casa e minha cabeça estava a mil por hora. Tinha a sensação que infartaria a qualquer momento. Sentei no sofá e olhei fixamente para a televisão desligada por minutos que para muitos poderia parecer uma eternidade sem fim. Coloquei uma música enquanto me afogava nos pensamentos mais embaraçados que eu poderia ter... aquela foto, aquele sorriso, o passado, o que esperar do futuro, os batimentos que eu conseguia ouvir, aquela canção que me fazia chorar... mas não sabia se era de felicidade ou tristeza - eu queria mesmo dar chance ao meu tempo e aos meus sentimentos.
Enchi uma taça de vinho, mas eu não a bebia. Segurei-a como uma equilibrista. Queria conversar com alguém, mas a minha única confidente estava no Rio, se permitindo, aceitando o amor de um passado que venceu a barreira do tempo. Queria ter a mesma coragem que Gita - queria poder não ter medo da única coisa que me afrigia: o amor.
Fui interrompida por um torpedo em meu celular: "eu só aceito a condição de ter você só pra mim..." . Finalizei cantarolando: "eu sei, não é assim, mas deixa eu viver"...era a música que eu estava escutando...
Post dedicado a Carol Nitto.
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