Em menos de 48 horas já estava na maior rodoviária do Brasil – sem a menor situação de lugar algum neste mundo dentro de mim... O nosso despertar naquela última cama entre mais duas no Rio de Janeiro, não dera tempo de analisar a moral do “conto de fadas” que Sol e eu inventamos para a realidade.
A despedida – me lembro bem – não teve frenesi, somente a minha cara de menina abandonada e a dele, de traidor sem perdão. Mas... o dia seguinte reservou a continuação do meu conto, com direito a amor de verdade. Só que em duas semanas o tal do amor rebela-se em loucura juvenil, e quem dera se o ao menos a paixão salvasse nossos desejos de crianças...
A esposa descobriu o romance que por ser sem pé nem cabeça, magoou três corações. O dela se revoltou de decepção, o dele se afogou em culpa e o meu... morreu de arrependimento. Pior que a mentira dos sentimentos que poupamos para o amanhã, é a farsa do que se é hoje – do que se diz hoje – para comprar o amanhã...
Enfim... de volta a vida caótica e vazia voltei ao pior destino de todos, aquele que se volta para trás. E com a única verdade que qualquer fim precisa para pôr princípio onde o fato foi consumado, porém a razão não... Aprendi que só dá para admirar incansavelmente aquilo que se tem, e se o que temos é só o hoje, fui admirá-lo sem o amor de verdade, mas com todo orgulho, o fiz com meu amor próprio...
... Ah! Mas ainda no metrô, deu tempo para admirar o alvorecer do Sol, e fiquei realmente realizada por não me lembrar da metáfora do nome daquele que fez parte do passado, e para me sentir tão feliz, bastou só olhar literalmente o sol e as nuances de cores tão quentes e profundas. Tanta aquarela de beleza fez explodir em mim outra aquarela de prazeres e não sei por que, precisava contar a alguém, precisa dividir minha admiração com uma alma peculiar nesse ponto de vista feminino... talvez Tuka soubesse do que eu tanto estava pensando e sentindo!
(C O N T I N U A)
Postar um comentário