Eu costumava praticar o velho ditado ' sorria na sala, chore no quarto' - o conceito costuma ser mais fácil do que a prática.
Mas a vida, e o tempo, não param pra que ninguém se cure, ele passa, sem te ver.
Os dias na loja eram corridos, principalmente no meu setor, estilismo e confecção.Acertava os últimos detalhes do desfile, e dividia a mesma sala que Luque, onde a única coisa que ouvíamos um do outro era um, bom dia.
As horas dentro daquela sala, não passavam.Era um alivio, quando eu podia ir ao café mais próximo e pedir meu capuccino, caminhar algumas quadras da Paulista, ver crianças, jovens, adultos, senhores e senhoras, por todos os lados, as pessoas corriam, sem olhar umas as outras, quantas almas-gêmeas se cruzam pelo mesmo caminho, mas o momento de distração, não permite o conhecimento.
É estranho pensar nisso, enquanto eu tinha certeza que a minha alma-gêmea dividia a mesma sala que eu.
Sexta-feira, a noite só estava começando, eu merecia uma diversão.Porem queria me divertir sozinha, me divertir com pensamentos sujos e libertinos com estranhos.
Coloquei um vestido branco, com listras pretas, um salto preto e uma bolsa de mão.Chamei o elevador as 22:15 da noite, desci, entrei no meu carro, e pensei ' hoje vou me divertir, eu mereço sorrir'
O bar da Augusta estava cheio, como de costume, entrei, e decidi me sentar em uma mesa, paralelo a uma janela, que dava pra rua Augusta, onde eu podia ouvir passos, e cabeças distantes.Permaneci ali, sentada, degustando do um martine rose, com uma azeitona no fundo da taça.Olhava pro meu rosto, refletido no vidro embaçado do bar, notei cabelos louros, logo atrás de mim, nos olhamos através do espelho...
- Olá, posso sentar junto de ti?
-Ah, Luque, sim... sente-se
Nos olhamos por alguns segundos, enquanto eu balançava de uma maneira delicada e lenta a taça de martine, ele passa a mão por entre os meus fio de cabelos, sua mão estava suando frio, ele estava nervoso com a minha presença, quando uma frase interrompeu o silêncio...
- me da um abraço, como aqueles de quando éramos felizes!
O seu perfume agora se misturava com o meu, fomos nos desaproximando devagar, até que o encontro de nossas bocas foi inevitável.E pela primeira vez, alguém estava deitado em meus lençois comigo, compartilhando de um abraço interminável...
Pena que Glória Peres ainda não descobriu esse Blog.
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