Sábado, 14h. Estava na estação de trem um tanto impaciente esperando ele chegar. Com alguns minutos avisados de atraso, ele aponta na escada rolante, com o mesmo sorriso de boas vindas. Eu, queimando em febre. Havia passado dias sem dormir direito, com direito a rolar na cama de preocupação devido as tarefas do desfile que se aproximava. Esse trabalho era muito importante pra mim, mas eu precisava desligar meu corpo e mente de tudo que respirava responsabilidade.
Prometi passar o final de semana na casa dele. Enquanto caminhávamos para o carro, senti um ar de preocupação vindo daquele homem esguio e charmoso. Longe das roupas formais que o trabalho exigia, ele tinha um ar de menino com cheiro de hortelã. Parei diante do carro e olhei para seus olhos, na esperança de encontrar alguma resposta para aquela dúvida que começava a nascer...mas não consegui enxergar nada.
No caminho eu percebia a força que ele fazia para manter a serenidade da conversa - eu odiava aquela minha facilidade pra pescar a aflição alheia! Como ele estava disposto a não deixar isso estragar o dia, dependia de mim também não estragar nada.
Conversamos muito sobre nossa semana, nossas tarefas e com aquilo parecia que as coisas não eram tão complicadas como vinham sendo. Deitamos na rede da varanda e olhamos para o nada, brincando de adivinhar os desenhos das nuvens no céu. Adormecemos com a brisa suave e o balanço sereno.
Depois de uma pizza com os amigos, o nosso momento de intimidade parecia ter finalmente chegado. Me envolvi completamente nos beijos que se entrelaçavam em uma sensação gostosa junto ao passeio dos dedos em meus cabelos, e já deitados na cama, fomos interrompidos por algo que me surpreendeu.
Ele chorava. Compulsivamente. E eu fiquei sem ação, sem saber o que falar e o que oferecer.
Ele me pedia desculpas. Por algo que eu ainda não tinha entendido, e nem ele.
Dei a ele um longo abraço... e eu sentia rolar em meus ombros as suas lágrimas. Eu odiava ver um homem chorar. Eles me deixam sensível diante dessa situação, sem saber o que fazer - capaz que eu chore junto! Quando ele conseguiu controlar as emoções, me vi diante de um homem confuso e amargurado, admirando minha serenidade e se desculpando por não compartilhar do mesmo que eu. Fiquei confusa - senti vontade de voltar pra casa. Ele jurava que não podia continuar. Uma espécie de auto flagelo e arrependimento, misturado com algo a mais indecifrável.
Perguntei se ele estava apto a me responder o que queria. Ele balançou negativamente a cabeça. Nunca tinha visto um homem tão sensível. E isso, infelizmente, fazia com que eu me apaixonasse mais.
Deitamos em silêncio e ouvi a respiração descompassada dele. Depois os batimentos do coração. Ele me abraçava com angústia. Medo. Incerteza. O quarto estava escuro - eu não enxergava um palmo diante do meu nariz. Mas senti a boca dele procurando a minha, e no meio das lágrimas, fizemos amor antes de dormir...
ual, que intenso e me deixou com muita curiosidade, agora um ps. eu não posso mesmo ver homem chorar, haha
ResponderExcluireu vou mandar, haha, to só precisando de um tempo pra escrever certinho, acho que até segunda te mando ;D
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