Eu já tinha me acostumado com os atrasos de Gita. Apesar dela ligar avisando que já estava pronta, sempre lembrava que tinha se esquecido de algo: a comida para o gato, a ligação para a empregada para avisar tudo o que tem que fazer, o sapato que ela não podia deixar de levar...
Eu ainda tinha que levar o Boris para a casa de minha mãe. E nem caminho era. Mais decidi esperá-la dentro do carro... assim ela saberia que esperar fora do apartamento dela era mais tedioso e enrolaria menos.
Confesso que meu humor não estava dos melhores, mas queria fazer dessa viagem algo para me distrair, não só para trabalhar. Me perdi em meus pensamentos... em como as pessoas conseguem ser tão superficiais e traidoras de seus próprios desejos e sentimentos. Na verdade eu não queria me tornar mais uma, ou como a maioria. Sabia que poderia ser uma diferença para alguém um dia. Mas o que realmente me preocupava era me preocupar com isso - estava certa que sentimentos não seriam tabus na minha vida e toda vez acabava sendo.
Ter medo de me envolver não implicava em medo de me machucar. Eu gostava de me arriscar. Mas a verdade é que eu estava cada vez mais cansada de ser sempre a mesmíssima coisa: evitava me envolver, mas me envolvia (não que isso fosse uma regra), quando tudo parecia ter um determinado rumo, do nada acabava! Sem maiores explicações, sem justificativa alguma... simplesmente acabava! Ou se alguém muito interessante aparecia, havia uma parede, praticamente uma muralha na frente, e sempre o aviso 'não se envolva, pois não quero me envolver'.
Cheguei a conclusão que o problema definitivamente não era eu - não estava com medo de me envolver, as pessoas que estavam! Ou essa era uma mera desculpa de uma mente adolescente para fazer de mim um número, não um diferencial. Meu orgulho era, ou melhor, é, suficientemente inflado a ponto de me exigir que eu TENHO que fazer a diferença pra alguém. Seja como amiga, seja como amante... seja como for. Sempre fui sincera, prestativa, atenciosa, carinhosa e compreensiva. Pontos fortes que faziam de mim uma mulher ao menos respeitável. Mas sempre que a corda estourava, estava lá o meu lado caindo.
Quando Gita entrou no carro (finalmente!), perguntei a ela porque as pessoas tinham tanto problema em ser sinceras, em demonstrar o que realmente são, e porque as máscaras existiam e depois não existiam mais. Se tais máscaras eram reais ou fruto de nossa imaginação, para que possamos 'maquiar' as coisas como nosso coração mais se confortaria em ver. Gita pensou uns 10 minutos para me responder. E esses 10 minutos foram de puro silêncio pelo caminho rumo a casa de minha mãe.
"Talvez maquiamos, talvez as próprias pessoas maqueiem, mas não existe regra básica para isso. Pessoas vem, pessoas vão, atraímos o que transmitimos, mas também atraímos os opostos ao que possamos ou tentamos transmitir. A insegurança gera um conflito, e por falta de confiança, as pessoas acabam querendo mostrar o que não são, porque tal insegurança está nelas mesmas. Nem sempre alguém valoriza ou se atrai por 'nossos valores' que acreditamos serem essenciais para um relacionamento ou uma amizade, pois acreditam que coisas que julgamos fúteis sejam fatores mais atrativos, como o sexo, ser cult, não ter filhos... outros preferem ver que ter filhos e saber criá-los é sinônimo de maturidade, ou que ser leal e sincero seja mais maduro ainda! Cada um tem o diferencial que quer e merece... basta o discernimento fluir para que isso seja mais claro diante dos olhos."
Se alguém me contasse que Gita e Chico Xavier tinham uma sociedade, eu acreditaria. Por mais perdida que ela pudesse estar, seus 10 minutos eram suficientes para dizer palavras fundamentais pra que eu desejasse uma rede e o silêncio para meditar sobre aquilo. E sinceramente? Se a pergunta tivesse vindo dela, eu responderia a mesmíssima coisa. Mas é muito mais fácil aconselhar um terceiro do que ser auto-suficiente a ponto de se auto-aconselhar.
Confesso que meu humor não estava dos melhores, mas queria fazer dessa viagem algo para me distrair, não só para trabalhar. Me perdi em meus pensamentos... em como as pessoas conseguem ser tão superficiais e traidoras de seus próprios desejos e sentimentos. Na verdade eu não queria me tornar mais uma, ou como a maioria. Sabia que poderia ser uma diferença para alguém um dia. Mas o que realmente me preocupava era me preocupar com isso - estava certa que sentimentos não seriam tabus na minha vida e toda vez acabava sendo.
Ter medo de me envolver não implicava em medo de me machucar. Eu gostava de me arriscar. Mas a verdade é que eu estava cada vez mais cansada de ser sempre a mesmíssima coisa: evitava me envolver, mas me envolvia (não que isso fosse uma regra), quando tudo parecia ter um determinado rumo, do nada acabava! Sem maiores explicações, sem justificativa alguma... simplesmente acabava! Ou se alguém muito interessante aparecia, havia uma parede, praticamente uma muralha na frente, e sempre o aviso 'não se envolva, pois não quero me envolver'.
Cheguei a conclusão que o problema definitivamente não era eu - não estava com medo de me envolver, as pessoas que estavam! Ou essa era uma mera desculpa de uma mente adolescente para fazer de mim um número, não um diferencial. Meu orgulho era, ou melhor, é, suficientemente inflado a ponto de me exigir que eu TENHO que fazer a diferença pra alguém. Seja como amiga, seja como amante... seja como for. Sempre fui sincera, prestativa, atenciosa, carinhosa e compreensiva. Pontos fortes que faziam de mim uma mulher ao menos respeitável. Mas sempre que a corda estourava, estava lá o meu lado caindo.
Quando Gita entrou no carro (finalmente!), perguntei a ela porque as pessoas tinham tanto problema em ser sinceras, em demonstrar o que realmente são, e porque as máscaras existiam e depois não existiam mais. Se tais máscaras eram reais ou fruto de nossa imaginação, para que possamos 'maquiar' as coisas como nosso coração mais se confortaria em ver. Gita pensou uns 10 minutos para me responder. E esses 10 minutos foram de puro silêncio pelo caminho rumo a casa de minha mãe.
"Talvez maquiamos, talvez as próprias pessoas maqueiem, mas não existe regra básica para isso. Pessoas vem, pessoas vão, atraímos o que transmitimos, mas também atraímos os opostos ao que possamos ou tentamos transmitir. A insegurança gera um conflito, e por falta de confiança, as pessoas acabam querendo mostrar o que não são, porque tal insegurança está nelas mesmas. Nem sempre alguém valoriza ou se atrai por 'nossos valores' que acreditamos serem essenciais para um relacionamento ou uma amizade, pois acreditam que coisas que julgamos fúteis sejam fatores mais atrativos, como o sexo, ser cult, não ter filhos... outros preferem ver que ter filhos e saber criá-los é sinônimo de maturidade, ou que ser leal e sincero seja mais maduro ainda! Cada um tem o diferencial que quer e merece... basta o discernimento fluir para que isso seja mais claro diante dos olhos."
Se alguém me contasse que Gita e Chico Xavier tinham uma sociedade, eu acreditaria. Por mais perdida que ela pudesse estar, seus 10 minutos eram suficientes para dizer palavras fundamentais pra que eu desejasse uma rede e o silêncio para meditar sobre aquilo. E sinceramente? Se a pergunta tivesse vindo dela, eu responderia a mesmíssima coisa. Mas é muito mais fácil aconselhar um terceiro do que ser auto-suficiente a ponto de se auto-aconselhar.
eu adorei o post; quando li o que ela disse, apos os 10 minutos de silêncio, tbm fiquei com vontade de ter uma rede para meditar sobre ^^ perfeito!
ResponderExcluirum beijo :*
oi !!!
ResponderExcluirto passando p avisar q vc ganhou um selo meu
Você é um gênio! rs
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