Sorrindo, ele virou-se em minha direção. As mãos no bolso da calça jeans, um cheiro gostoso e cítrico me deixou com vontade de encaixar o meu rosto ali, no vão do seu pescoço, enquanto ele me abraçava forte como se fossemos amigos de longa data.
Posso afirmar que ele era digno de um prêmio! Ganhou pelo cansaço, depois de quase 15 dias de ligações diárias e várias desculpas esfarrapadas (das quais não me orgulho) para evitar a aproximação que eu queria, mas não queria! Ambos estavam de férias do trabalho, e a famosa frase 'eu não estou fazendo nada, você também, então vamos não fazer nada juntos!' me deixou sem reação negativa. Afinal de contas, ele tinha se mostrado uma cia agradável (via telefone) e envolvente para que eu deixasse passar assim, batido...
Envolvente no sentido mais real da palavra. Sim, porque não é aquele homem grudento que te cativa diariamente. Esse dá asco! Ele é diferente: me cativou porque foi milimetricamente cuidadoso com as palavras, não quis ficar esbanjando elogios gratuitamente e foi paciente, espaçando o tempo entre um convite e outro, mesmo com as recusas.
Como sempre, eu queria, mas a maldita pulga atrás da orelha sempre me perturbou. Na verdade eu estava numa vontade imensa de continuar sozinha, curtindo minha vidinha, meus amigos, me namorando... e ele parecia ser o cara ideal demais a ponto de detonar todos esses planos.
Porque ideal? Ah, ele gosta das mesmas coisas que eu, querendo ou não possui traumas parecidos, consegue ser atencioso sem parecer grudento, me dá o poder da dúvida sem me deixar insegura (eu sabia que ele ligaria, mas só não sabia quando - adoro quando as coisas não se tornam óbvias ou previsíveis), tem defeitos e admite possuir TODOS eles, e, pateticamente falando feito adolescente, me deixa tão compenetrada enquanto me olha que até eu duvido da minha capacidade de negar.
Voltando a minha péssima mania de sem querer testar os limites do ser humano, quando aceitei o convite para um café no final da tarde, lhe dei a condição que me acompanhasse em algumas responsabilidades. Típico programa de amigos: paguei contas, levei o Boris ao Pet Shop e ele estava ali, simpaticamente e pacientemente ao meu lado (esse fator PACIÊNCIA acredito que era pura fachada, pois suas pernas mexiam afoitamente durante todo esse processo chato do dia).
Quando resolvi parar de bancar a chata, nos entretemos numa livraria com CDs, DVDs e obviamente, LIVROS! Houve uma determinada situação em que eu fiquei tão pertinho, mas TÃO pertinho de seu rosto, que senti minha bochecha queimar de tanto nervoso. 'Que inferno que é ser envergonhada na hora que não deve', pensei eu. Mas, quanto mais eu sinto que as coisas tem tudo pra dar certo, mas eu travo e ao invés de demonstrar interesse, eu viro a 'não to nem aí' do ano...
Não consegui falar absolutamente nada pra deixá-lo envolvido. Quanto mais eu me esforçava pra ser eu mesma, mais eu sentia dando um passo para trás. Acho que é porque nossas afinidades eram tão grandes que eu não precisava ficar falando ou tentando demonstrar o quão estranhamente parecidos nós éramos. Mas, vi nitidamente que eu não passei nem um pingo de segurança pra ele tentar algo a mais.
Tomamos o tal café, conversamos como já era previsto, e meu instinto vovozinha bateu, e foi assim que decidimos que era hora de ir pra casa.
Durante o caminho, ele tentou apostar as últimas fichas, dessa vez sendo mais direto. Entrou no assunto mais íntimo do dia, cujo tema era aquilo que eu mais detestava lembrar: da minha desastrosa vida amorosa. Revidei em algumas perguntas, respondi outras, e quando o carro parou na porta de casa, ficamos nos olhando por uma eternidade de segundos, com a mesma gravidade daquele dia da festa. Ele interrompeu o silêncio dizendo: 'você precisa entrar mesmo?'
Eu respondi: Pra quem enrolou meia hora...posso enrolar mais meia...
Posso afirmar que ele era digno de um prêmio! Ganhou pelo cansaço, depois de quase 15 dias de ligações diárias e várias desculpas esfarrapadas (das quais não me orgulho) para evitar a aproximação que eu queria, mas não queria! Ambos estavam de férias do trabalho, e a famosa frase 'eu não estou fazendo nada, você também, então vamos não fazer nada juntos!' me deixou sem reação negativa. Afinal de contas, ele tinha se mostrado uma cia agradável (via telefone) e envolvente para que eu deixasse passar assim, batido...
Envolvente no sentido mais real da palavra. Sim, porque não é aquele homem grudento que te cativa diariamente. Esse dá asco! Ele é diferente: me cativou porque foi milimetricamente cuidadoso com as palavras, não quis ficar esbanjando elogios gratuitamente e foi paciente, espaçando o tempo entre um convite e outro, mesmo com as recusas.
Como sempre, eu queria, mas a maldita pulga atrás da orelha sempre me perturbou. Na verdade eu estava numa vontade imensa de continuar sozinha, curtindo minha vidinha, meus amigos, me namorando... e ele parecia ser o cara ideal demais a ponto de detonar todos esses planos.
Porque ideal? Ah, ele gosta das mesmas coisas que eu, querendo ou não possui traumas parecidos, consegue ser atencioso sem parecer grudento, me dá o poder da dúvida sem me deixar insegura (eu sabia que ele ligaria, mas só não sabia quando - adoro quando as coisas não se tornam óbvias ou previsíveis), tem defeitos e admite possuir TODOS eles, e, pateticamente falando feito adolescente, me deixa tão compenetrada enquanto me olha que até eu duvido da minha capacidade de negar.
Voltando a minha péssima mania de sem querer testar os limites do ser humano, quando aceitei o convite para um café no final da tarde, lhe dei a condição que me acompanhasse em algumas responsabilidades. Típico programa de amigos: paguei contas, levei o Boris ao Pet Shop e ele estava ali, simpaticamente e pacientemente ao meu lado (esse fator PACIÊNCIA acredito que era pura fachada, pois suas pernas mexiam afoitamente durante todo esse processo chato do dia).
Quando resolvi parar de bancar a chata, nos entretemos numa livraria com CDs, DVDs e obviamente, LIVROS! Houve uma determinada situação em que eu fiquei tão pertinho, mas TÃO pertinho de seu rosto, que senti minha bochecha queimar de tanto nervoso. 'Que inferno que é ser envergonhada na hora que não deve', pensei eu. Mas, quanto mais eu sinto que as coisas tem tudo pra dar certo, mas eu travo e ao invés de demonstrar interesse, eu viro a 'não to nem aí' do ano...
Não consegui falar absolutamente nada pra deixá-lo envolvido. Quanto mais eu me esforçava pra ser eu mesma, mais eu sentia dando um passo para trás. Acho que é porque nossas afinidades eram tão grandes que eu não precisava ficar falando ou tentando demonstrar o quão estranhamente parecidos nós éramos. Mas, vi nitidamente que eu não passei nem um pingo de segurança pra ele tentar algo a mais.
Tomamos o tal café, conversamos como já era previsto, e meu instinto vovozinha bateu, e foi assim que decidimos que era hora de ir pra casa.
Durante o caminho, ele tentou apostar as últimas fichas, dessa vez sendo mais direto. Entrou no assunto mais íntimo do dia, cujo tema era aquilo que eu mais detestava lembrar: da minha desastrosa vida amorosa. Revidei em algumas perguntas, respondi outras, e quando o carro parou na porta de casa, ficamos nos olhando por uma eternidade de segundos, com a mesma gravidade daquele dia da festa. Ele interrompeu o silêncio dizendo: 'você precisa entrar mesmo?'
Eu respondi: Pra quem enrolou meia hora...posso enrolar mais meia...
...continua...
Sensacional.
ResponderExcluirAo som de John Mayer?
ResponderExcluirIncrívelmente bom. Entre livros CDs, DVDs? Cenário agradável. Estou acompanhando. Abraço.