Recebi este texto de uma sábia e grandissíssima amiga...
Achei muito próprio publicá-lo aqui, (porque será??)
Enfim... Sem mais delongas, boa leitura!
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Só para a gente não esquecer...
Hoje, logo pela manhã, assistindo os triviais programinhas femininos, com seus debates não tão profundos, ouvi o seguinte comentario de uma das convidadas: "Dia da Mulher? Por que só há Dia da Mulher e não há Dia do Homem também?"
Fiquei muito indignada - nada contra os homens, pelo contrário. Mas o que causou indignação foi a superficialidade do pensamento. Um pensamento que não considerou o contexto histórico do porquê do Dia da Mulher.
É sabido, contudo, sempre é bom citar, para ninguém esquecer e cair na superficialidade do comentário da "convidada famosa do programinha citado": o dia 08 de março, não é uma data de homenagem ou agrado de "uma classe" de pessoas. Muito menos cair no radicalismo da lenda 'da fábrica, onde 130 mulheres foram fechadas e queimadas'.
Devemos refletir sobre a verdadeira intenção desse dia - rememorar toda a história de luta da mulher, pela igualdade social.
Porém creio que a igualdade social, talvez não fosse, em essência, a intenção de tantas lutas, que se estendem até hoje - mas sim uma arma, afinal uma mulher jamais será como um homem, nem um homem igual à uma mulher - são anseios, instintos, intenções diferentes. Além dom mais, não pode-se negar - há um pouco de um no outro. Entretanto, alcançando-se a igualdade social, conseguiria-se a liberdade de escolhas, finalizaria-se a submissão e a condição de "objeto", não diria somente masculino, mas sim de todo um sistema social.
Historicamente houve a transformação da condição feminina na sociedade. Hoje, nesse país, as mulheres são a maioria, são força de trabalho indispensável para o mercado, são votos nas urnas para os candidatos, são consumidoras e muitas delas encabeçam famílias. Mas será que realmente a condição da mulher chegou ao equilíbrio?
Hoje trabalhamos, temos direito ao voto, temos leis que, em tese, nos proteje da violência, sobretudo doméstica... Somos tidas até como verdadeiras heroínas, pois acumulamos diversas obrigações: de sermos mães, esposas, amantes, profissionais, seres intelectualizados, belas e sensuais ao mesmo tempo.
Na teoria é tudo lindo - grande condição a da mulher! Porém, só quem é mulher sabe o encargo que tudo isso traz! Será que essa nova realidade realmente trouxe mais dignidade à condição feminina?
Não, essa não é uma pergunta retrograda, nem questiono todas essas conquistas - afinal o tempo passa, as coisas mudam, e creio que, mesmo que quiséssemos, essa condição talvez nem pudesse ser diferente pois, independentemente da vontade masculina, poderia o mundo industrializado e o mercado dispensar a nossa mão de obra e o nosso poder de compra derivado disso?
Questiono a nossa condição dentro desse novo contexto - até onde essa condição de "faz-tudo" tem sido realmente satisfatório à mulher? E a liberdade de escolha, será que existe agora nesse novo contexto? É sabido que a mulher que não se enquadra nesse estereótipo não é bem vista na sociedade. E a ditadura da beleza, propulsora de um rico mercado crescente de produtos e recursos para se adequar a estética feminina à moldes nem sempre tangíveis ou até mesmo salubres?
O que se pode dizer então, do nosso direito de ser mãe? Não o de parir simplesmente e encontrar o quanto antes uma creche para fazer as nossas vezes (alimentar, educar, e quiçá dar amor), enquanto voltamos para a vida profissional.
E vou mais além - o advento da pílula anticoncepcional - um recurso louvável, tornou-se por outro lado um fator para justificar a falta de responsabilidade masculina. Agora é fácil jogar a responsabilidade nas costas da mulher - afinal tem filho quem quer. Contudo, é bom lembrar - quando um não quer, dois não fazem e quando há uma consequência no ato, será que a culpa é só de um lado - porque havia uma pilula para se tomar? E a responsabilidade, onde fica? Sou contrária ao aborto, mas ainda que fosse favorável, "o que se fazer com a criança" é só a ponta do iceberg.
Uma dezena de outros fatores poderiam ser citados sobre a atual condição femina, contudo o que eu gostaria de salientar é que, esse e os próximos 08 de março que estão por vir, não sejam tanto uma data comemorativa, mas sim, uma data para reflexão. Reflexão sobre valores, sobre condições e sobre alternativas. Não creio que regredir à condição feminina anterior seja o caminho, contudo a condição atual não tem trazido tanta dignidade e felicidade quanto se espera.
Enfim, acredito que somente haverá motivo para comemoração, quando a condição feminina seguir alguns novos preceitos:
- liberdade de escolha : ser profissional em tempo integral ou ser mãe em tempo integral forem escolhas à serem feitas, viabilizadas, consideradas dignas e respeitadas;
- condição de equalização entre profissão e maternidade: ao invés de trabalhar em tempo igual e ter o salário menor, a mulher deveria trabalhar menos e receber mais - pois quando chega em casa a jornada continua.
- paternidade responsável: que a mulher não tenha que mendigar na justiça uma pensão, para ajudar a manter um filho que foi responsabilidade dos dois. É estranho como foi tão simples se inventar a pílula feminina... porquê será que os laboratórios não trabalham numa pílula ou algum método anticoncepcional alternativo aplicável ao homem - algo que não deixe margem à desculpas como a dificuldade da reversão da vasectomia ou o incômodo da camisinha. E que, em se havendo a geração de um novo ser, dentro ou fora do casamento, as responsabilidades dos cuidados e educacionais possam ser partilhadas igualitariamente.
- respeito à diversidade estética: imagine um mundo livre da "deusificação das Barbies" onde a mulher não seja massacrada por quase obrigações, que vão desde o consumo massivo de dezenas de produtos "que vão torná-las irresistíveis, fatais" e que vão até as mutilações executadas no mundo das cirurgias plásticas? Certamente um determinados seguimentos do mercado terá grandes prejuízos... E as mulheres estaram bem mais felizes, jovem - de pele esticadinha até as velhinhas com suas rugas, das magérrimas sem peito ou bunda até as fofinhas e suas farturas de medidas, as brancas, as negras, as índias, orientais, etc, 'todas', possam ter sua beleza reconhecida e atrelada não à próteses de silicone, mas talvez à caráter, feminilidade, carisma pessoal, intelectualidade, por exemplo.
- orgulho masculino pelo "seu lado feminino" - não, não é pegar a bandeirinha de arco-íris e sair por aí. É aprender à se deixar ser um pouco mulher - talvez assim, dando vazão à essa energia inegavelmente existente, as almas masculinas e femininas possam estar mais afinizadas e se compreenderem melhor.
Créditos ao Texto: CRISTIANE TABAJARA... amiga BY GITA HABIBA
ah... hj é dia de meu aniversário. isso me importa
ResponderExcluirMuita coisa importa ao nos é conveniente, especial... Então parabêns a você!
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