Enquanto o dia passa, encontro personagens coadjuvantes por todo lado e por alguma razão eu sempre acho a história deles bem diferente da minha, afinal o que eu posso ter em comum com o tiozinho que mora embaixo da ponta e chora toda vez que conta sua história de amor que terminou mal? O que eu posso ter de parecido com a puta que faz sexo por dinheiro e chora porque com um emprego desses vai ser cada vez mais difícil fazer amor? E que raios eu posso ter de parecido com a menina que pensou em se cortar depois de levar um pé na bunda do namorado?
As vezes eu passo o dia pensando nesses coadjuvantes, mas não foi assim que descobri o que nos unia. Foi em uma noite bem fria com poucas estrelas que eu deitei em minha cama, agarrei meu travesseiro e chorei feito uma criança, porque eu não tinha a quem chamar de amor, e embora a vida seja muito boa sem isso ela ainda não está completa. Chorei porque mesmo que eu tente explicar o quanto isso dói me parece covarde reclamar, já que existe gente com problemas maiores do que isso, mas o motivo maior do choro foi ver que a cada noite sozinha mais uma parte de mim deixa de acreditar no amor, e essa é a coisa mais triste que tem.
Então em meio ao choro eu começo a entender o que o tiozinho embaixo da ponte sente quando lembra do último amor que viveu intensamente. Eu posso sentir o gosto amargo que ele sente cada vez que lembra que um dos motivos para estar ali é não apenas um caso que deu errado, mas deixar de acreditar no amor. Eu posso imaginar seu coração quebrado em pedaços e ele sem forças para juntar os cacos; ele não quer fazer um drama, só não sabe como recomeçar; acredita que o fim de uma história de amor tem que ser assim como a morte.
Eu consigo entender a puta que chora quando chega em sua casa, percebendo que já fez sexo com mais da metade dos homens de sua cidade e nunca soube fazer amor, nunca viveu a experiência de ser vista como mulher de verdade, não foi conquistada ao ponto de se entregar ao relacionamento sexual e não só ter uma noite de prazer, mas sim o encontro de alma, espírito e coração.
Vejo o desespero da menina que viu sua história de filme chegar ao fim e busca uma dor maior do que essa que sente dentro de si - ela prefere morrer do que viver sem amor, ela quer que algo doa mais do que isso pra que tudo volte a fazer sentido, ou que ao menos essa lembrança ruim saia de seu pensamento.
E quando eu paro de pensar percebo que embora eu tenha uma atitude diferente da desses personagens, a nossa situação é a mesma, estamos querendo um amor, não precisa ser de filme, não precisa ter a música do casal, mas precisa ser verdadeiro, pra que a morte do amor aconteça apenas quando estivermos velhinhos juntos e o tempo nos chamar pra descansar.
Com o coração cada vez mais sensível, digo com toda certeza do mundo, com os olhos cheios de lágrimas e coração pulsando forte: Todo mundo sabe que existe amor de vários tipos, mas isso não muda o fato de que todo mundo quer e precisa viver um amor intenso, forte e avassalador que termine bem.
Bruna... voce disse simplesmente o que eu gostaria de dizer e exatamente o que sinto e penso! Era só o que eu queria.. um amor de verdade, que ajudasse a me curar e que terminasse BEM!
ResponderExcluir