Algum dia, você vai errar, e alguém não quererá perdoar... então ele te deixa mas você vai embora com a sensação de que foi abandonada. Você não sabe se precisa se arrepender ou simplesmente deixar de se lamentar. Uma voz interior (parecida com a do homem que te deixou) sugere que reflita... e então você resolve viajar...
Engraçado é o dia em que nos tocamos, de algo que não devíamos ter feito... Eu mesma: vou a outro lugar longe dos meus próprios julgamentos, vou de férias ficar com estranhos... Faça o que for de errado, só existe um lugar para condenar seus atos – um quarto solitário no chamado Hotel hostilidade...
E então sozinha, com uma cama imensa e confortável para acolher seus enganos, você prefere a vista da janela, onde se vê crescer a maldade no jardim. Todos podem ver as nuvens cinzentas, mas só você a própria face se refletindo avarenta, provocando seu eu numa tormenta...
Tanto faz... no lobby ou um elevador com estranhos, um bom dia não significa nada além de educação, e pela mesma educação você cultiva estranhos sentimentos para tentar entender seus erros!
Não há vontade de desabafar se não há consideração por quem lhe ouve, e assim um espectro de vontade ronda você, segue seus passos incomodando sua intimidade. Um olhar qualquer te parece familiar e incompreensivo. Ninguém lhe diz que está errado, mas sorriem para você sempre fingindo...
A noite é inevitável e a insônia inconveniente, e mais uma vez a janela – a qual você fica parada e perplexa de grandes vazios e pequenos motivos... Vendo decair seu império de bem queridos e mal esquecidos.
A alma não te fala, a culpa então lhe colhe a alma, te deixando penada e depenada... Você começa a entender porque ficou sozinha, esperando sabe-se o que? Se você mesmo não tinha tantos porquês?
Pois é... quando a razão vem dormir contigo, a janela não é mais interessante, os estranhos já lhe são conhecidos e previsíveis no meio do caminho, os olhares ficam cada vez mais informais e distantes... Finalmente o sono vem, e a vontade de desabafar também.
Você acorda e percebe que sonhou. Chora porque não se lembra e chora de novo porque um grande motivo te faz perceber que a alma voltou! A culpa enfim lhe devolve alguns porquês, respondendo seu vazio...
Despede-se dizendo “Não devia ter feito aquilo” – pagando a conta pela hostilidade, e o troco é uma mão vazia, porém com uma frase não mais desconhecida – “Tenha um bom dia”
E do jardim, não mais cheio de maldades, você vê crescer bem queridos. Olha então para aquela janela e sorri achando engraçado... Porque olhar para cima sempre é melhor que olhar para baixo...
Créditos da foto: alexandra young´s - flickr
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