“Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez”
(Caio Fernando Abreu)
A gente acha que não vai passar; que NUNCA vai passar. Que essa dor que teima em permanecer como uma faca cravada no meio do peito e nos tira o ar vai permanecer ali por toda a vida. Que nos imobilizará, que nos impedirá de seguir a diante, conhecer novos lugares novas pessoas, que nos tornará frios e apáticos a tudo.
Mas quem disse que o tempo cura todas as feridas, e que se não as cura as faz virar ínfimas cicatrizes, estava certo. O tempo, senhor de toda a razão, o mesmo que permite que as feridas sejam abertas é capaz de fechá-las. A vida segue, os dias passam, de repente toda aquela ansiedade para que o ano acabe, pra que a vida volte ao seu estágio normal vai se transformando em perspectiva de um novo tempo, de um novo ciclo. Você conhece amigos novos, freqüenta lugares novos, dança, pula e grita de felicidade, descobre que a sua liberdade é um bem valiosíssimo e que você não está disposta a trocar pelo primeiro par de calças que se apresentar como um “bom partido”.
As manhãs nem sempre são tão ensolaradas, o espelho te diz que você engordou alguns quilinhos e que parece que esta voltando à puberdade com aquelas espinhas chatas crescendo na sua testa. Mesmo assim, você coloca sua melhor roupa, seu salto alto, pega sua bolsa e sai deslumbrante feito um raio de sol a iluminar os lugares por onde passa. Começa a perceber que quando você se ama, os outros passam a te olhar de outra forma, passam a te amar também.
E assim, como nem todos os dias são belos, as lágrimas ainda teimam em cair, vez por outra, quando você está em casa sozinha lendo um livro, assistindo um filme romântico ou escutando uma música que te remete a ele. Você chora porque sente saudades, porque ainda lembra, sente o cheiro, escuta a voz no ouvido, visualiza o sorriso. Essa é a crise semanal, mensal, trimestral, ou seja lá em que tempo for.
E quando você menos se dá conta, já não chora mais. Já consegue ver as fotos sem se sentir perturbada por nenhuma lembrança ou sentimento, escuta as música e dá continuidade a melodia, o perfume já não é tão marcante na sua cabeça e aos poucos você vê que as lembranças, aquelas que ficavam presas na garganta envolvidas no choro contido, essas já estão distantes, longes. Já não te dói o fato dele ter te traído ou trocado por outra, quer mais é que ele seja feliz, seja com quem for. Já não doem as mentiras e canalhices que ele te fez, você simplesmente virou a página. Mudou o foco. Começou outro ciclo.
Se desprendeu definitivamente daquilo que não te fazia bem, daquilo que como uma bola de ferro te segurava ao passado e te impedia de ser aquilo o que queria ser e viver aquilo que deveria viver. Agora você é realmente livre! Livre de qualquer dor, mágoa ou pensamento negativo que te puxava pra baixo. Você está pronta! Pronta para recomeçar, para se divertir por completo, para se doar por inteiro, para conhecer um novo amor, porque a primeira etapa já foi vencida: você já se conheceu, se namorou e se reconstruiu.
E devagar, bem devagarzinho, você sente seu coração palpitar novamente, feito uma bateria de escola de samba, sente aquele friozinho no estômago e espera todos os dias por ele. Aquele que talvez te devolva o prazer de gostar de alguém novamente, e que te faça ter vontade de gritar “Estou contente outra vez”, e quando isso acontecer você nem vai se lembrar se o tempo passou devagar ou depressa demais.
só achamos, mas sempre passa! bj
ResponderExcluirFiquei impressionado com a maneira como você expressa seus pensamentos sobre Blogger: PhD? - Postar um comentario. Eu não posso acreditar que alguém pode escrever uma história surpreendente sobre como thet eu amo Blogger: PhD? - Postar um comentario.
ResponderExcluirEu posso verdadeiramente dizer que eu nunca li tanta informação útil sobre Blogger: PhD? - Postar um comentario. Quero expressar minha gratidão ao webmaster do www.phdemseilaoque.com.
ResponderExcluir