Sentar e encostar a cabeça em seus joelhos sem dúvidas foi o ponto máximo da humilhação. Até o momento em que foi derramada a primeira lágrima.
É normal sentir isso?
É normal se arrepender de algo que já se arrependeu?
Ás vezes se foge do que realmente se quer, mesmo quando na realidade o que se deseja mais profundamente está há um palmo dos nossos olhos. Quando o coração diz que quer, a alma não responde, não desobedece, nem sequer pensa em se virar contra ele.
Algo em seu peito lhe tirava todo seu fôlego. Porque razão ele machucaria a si mesmo cometendo um erro? Ele nunca pensou nisso. Tinha a certeza de que de todos no mundo, a única pessoa que nunca iria ferir era a si. De todos os dons humanos, a capacidade de se destruir é um que se destaca. É fácil ferirmos a nós mesmos sem percebemos.
A dor dele era tamanha que se batia inconscientemente, não sabia o porquê aquilo o machucava tanto. Era possível, machucar alguém e ao mesmo tempo se machucar? É possível machucar alguém sem nem ao menos perceber?
Não é bom se martirizar tanto pelos erros. Mas era cruel para ele suportar tantos soluços. Queria explicar toda a situação, mas da sua boca não saia voz, só gemidos. Em momentos queria gritar e afastar de si todo aquele mau sentimento, mas temia abrir a boca e afogar-se com tantas lágrimas.
Mas existiam braços que lhe tranqüilizavam. Mãos que deslizavam em seus cabelos lhe oferecendo conforto, oferecendo, sobretudo, uma presença.
Com uma força incomum ergueu a sua cabeça, por entre o embaçado que as lágrimas deixaram em seus olhos ele conseguiu ver alguém. Alguém realmente se importava que ele estivesse mal e queria fazer com que se sentisse melhor.
Devia tudo para aquela única mulher que lhe confortava. Ela não precisou falar nada, apenas deixou o tempo passar, passar cansativamente até que os olhos dele também cansassem. Os gemidos já eram menores, a dor diminuía a cada segundo. Mesmo sabendo o mal que o sofrimento o causava, optou por não impedir o que ele sentia. Mas estaria presente ali, do lado dele, o tempo que fosse preciso. Em um momento ele sentiu que todas aquelas lágrimas já pareciam tão desnecessárias quando salgadas. Pagou sua dívida com um único sorriso cansado.
Teria que ter aprendido cedo que existem mil maneiras de se amar, e também que não é confortável correr atrás do amor, pelo motivo de que ele a qualquer instante poderá fugir dentro de um trem (ou qualquer veículo ou coisa que se movimente mais rápido do que você). Mesmo que valha a pena, não se deve se jogar de cabeça na paixão. Amor é tão singular, tão difícil. Pode ser que esse amor te ame agora, pode ser que esse amor te ame depois. Mas pode ser também que esse amor nunca te ame. E quando se descobre essa ausência, uma dor cresce dentro de você, não exatamente por que você fez algo errado. Mas da mesma maneira que essa dor cresce, ela diminui.
Às vezes se conclui que o próprio amor nunca deve ter se apaixonado. Provavelmente por saber o quanto ele pode ser complicado e destrutivo.
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