Ao perceber o quanto lhe atormentava os males que pousavam em suas costas, Melissa decidiu fazer a única coisa que trazia calma. Puxou uma folha, tirou de sua bolsa uma caneta e começou a escrever.
"Eu sou do tipo que escreve cartas, e acho que você sempre soube bem disso. Da mesma maneira que eu sempre suspeitei que você não fosse do tipo de que as lêem. Mas deixei isso um pouco de lado, pois me sinto na imensa necessidade de escrever o que vem me incomodando meses a fio.
Não creio que haja explicação óbvia para justificar qualquer tipo de amor que se sinta por alguém, então não me peça para dar justificativas a respeito do que sinto, pois de certo não saberei como.
Queria, sinceramente, saber."
Respirou fundo antes de continuar.
"Não lembro a primeira vez que te vi. E acredite, demorei tanto pra te notar, pra perceber o que você realmente viria a significar pra mim. Mas eu lembro perfeitamente de quando você encontrou alguém que gostasse e depois, que se decepcionou verdadeiramente, encontrou alguém que você amasse.
Tragicamente não fui eu."
Uma lágrima beirava em seus olhos.
"Você acreditaria em mim se eu dissesse que isso me machucou tanto? Mas quem em sã consciência acreditaria que a felicidade de alguém machucaria tanto?
Sinto tanta falta do tempo em que te via diariamente, de dia após dia ouvir a tua voz. Hoje passamos meses sem nos ver, e quem diria, estou sobrevivendo à isso. Mesmo precisando usar de força que nem sabia que tinha.
Sinto falta da tua conversa. Sinto falta de fingir que estava tudo bem quando você perguntava se eu estava bem, quando na verdade a razão direta ou indireta de todos os meus problemas era você.
Quando eu via tristeza em seus olhos era como se eu visse meu mundo desabando. E me sentia na obrigação, talvez por te amar, de te cuidar como só eu poderia fazer naquele instante. Rapidamente aprendi a tua força, pois mesmo dominado por tudo que mais te machucava, ela nunca te permitiu derramar uma única lágrima.
Não consigo entender como você pode amar alguém que duvidava do que você sente, quando eu seria capaz de tanta coisa pra receber o teu amor.
Te vi por tanto tempo triste que ao ver alguém capaz de te fazer sorrir, não me vi com outra opção. Soube naquele instante que te perder seria o preço que eu teria que pagar pela tua felicidade. Não pensei duas vezes, paguei pela tua felicidade.
Escrevi essa carta só pra te dizer o que há tempos se passa dentro de mim, e que nos meus piores momentos ainda queria que você estivesse aqui comigo. Mesmo tendo plena certeza de que esses piores momentos resultem da sua presença na minha vida.Eu ainda te amo. E te amo cada vez mais pela força que você esta me fazendo ver que eu tenho."
E mais uma vez guardou seus segredos em papel, em uma carta jamais enviada. Um dia, quem sabe, a coragem chegaria e ela resolveria seu amor-problema de estimação.
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