“Não se sinta desvalorizada, apenas vejo que agora não me sinto mais satisfeito de ter uma garota ao meu lado. Preciso de uma mulher, e francamente você não age como uma.”
Essas palavras ecoavam dentro de sua mente durante os últimos meses. Ela não agüentava mais lidar com essa situação, nem tinha condições ou capacidade de adaptar-se. Não existia um propósito, ou uma razão compreensível, mas tinha em si o desejo tolo de morrer. Ela não conseguiria viver sem ele. Não era capaz, ou pelo menos não acreditava que fosse. Ela sentiria falta de tudo dele. Do modo como mexia em seu próprio cabelo desarrumado, e também de como a abraçava. Sentia falta do cheiro dele em sua cama, das noites em que acordava assustada e se acalmava apenas por vê-lo deitado ao seu lado. Admirava a beleza e inocência do sono dele, mesmo que isso lhe custasse uma noite de sono, que resultaria numa aparência horrível no dia seguinte.
Ela queria ter seu nome gravado nele, queria continuar a tratá-lo com seus pronomes possessivos, queria que tudo que um dia tinha sido seu continuasse a ser. Amá-lo de tal maneira teria mesmo sido necessário? Aliás, ele merecia tanto amor? Ela estava amando-o da maneira certa?
Encarava a si mesma no espelho em seu banheiro. Seus olhos manchados e sua felicidade abalada a transformava em alguém que ela não conseguia reconhecer. Repudiava e repreendia suas próprias atitudes.
Olhava na pia e via os remédios coloridos, pareciam doces e prestativos. De todos os caminhos que ela poderia escolher, aos seus olhos, esse fora o mais fácil.
Tinha tanta opção, não há maneiras de compreender porque concordara com essa. Ela apelou para a fuga mais covarde.
Talvez tenha sido esse o erro de Melissa, o erro mais clichê da humanidade: dedicar-se demais a alguém e esquecer-se de si. Com cada gota que caia de seus olhos ela se afogava um pouco, não conseguia manter sua sanidade a custo algum.
Faltava nela uma atitude madura. Ela realmente precisava amadurecer e deixar de lado a garota. Passara da hora de tornar-se mulher.
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