A leitura pode ser uma grata surpresa em qualquer tempo e idade, como vimos no último artigo. No entanto, assim como um bom filme, ela pode servir como uma válvula de escape, ainda que seja mais complexa ou violenta do que a realidade que nos cerca. Hoje falarei um pouco sobre obras que nos remetem a batalhas épicas, tanto aquelas em que o bem e o mal estão bem definidos, como aquelas em que o bem e o mal estão divididos por uma linha tão tênue que fica difícil saber parta quem vai a nossa torcida.
Nessa última categoria citada, sem dúvida podemos encaixar As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin. Concebida para ser uma trilogia, a história começou a ser escrita em 1991, tendo seu primeiro livro lançado em 1996. No entanto, o enredo ganhou tal proporção que o Martin acabou por dividir a história em sete livros, os quais, inclusive, sequer terminaram de serem escritos. Isso deixa os fãs tão impacientes e ansiosos que o autor chegou a afirmar que, para cada pessoa que pergunta quanto tempo mais ele levará para concluir os próximos livros, ele mata um Stark.
Brincadeiras à parte, a história é muito bem escrita e envolvente, sempre mostrando um ponto de vista diferente para um mesmo fato. Tudo isso recheado por muita violência, intrigas, juras de amor e dilemas religiosos. Até o momento, foram escritos cinco dos sete livros prometidos: A Game of Thrones (A Guerra dos Tronos), A Clash of Kings (A Fúria dos Reis), A Storm of Swords (A Tormenta das Espadas), A Feast of Crows (O Festim dos Corvos) e A Dance with Dragons (A Dança dos Dragões). Os próximos dois livros serão The Winds of Winter (Os Ventos do Inverno, em tradução livre) e A Dream of Spring (Um Sonho de Primavera, em tradução livre).
Com preguiça de ler tantas páginas ou está com medo de se decepcionar? Um dica é acompanhar a série Game of Thrones, da HBO. Ela é baseada nos livros de George R. R. Martin e conta com o próprio autor para a adaptação e roteirização dos textos. Em sua terceira temporada, a série conquistou milhares de fãs ao redor do mundo e é bastante fiel à trama original. Vale a pena conferir.
Se por um lado, As Crônicas de Gelo e Fogo nos fazem oscilar entre a torcida pelos Starks e Targaryens para o posto de mocinho da trama, nosso querido (e já finado) J. R. R. Tolkien faz questão de contar uma história na qual sabe-se muito bem quem são as forças do mal e quem são os mocinhos. Aqui também são várias as obras que se complementam e ajudam a entender melhor todo o contexto. Os livros mais conhecidos são O Hobbit e a trilogia O Senhor dos Anéis, composta por A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei.
Essas três últimas obras já ganharam versões cinematográficas e que estão disponíveis em DVD's e BluRay. Já O Hobbit foi adaptado e dividido em três filmes, sendo que um deles foi lançado no ano passado, o próximo será apresentado no final deste ano e a parte final será lançada em 2014. Embora O Hobbit tenha apenas 320 páginas, as quais, teoricamente, não renderiam as quase nove horas de filme (cada película dura em média duas horas e meia), os responsáveis pela versão cinematográfica do livro foram buscar em outras obras do autor, bem como em suas infindáveis notas de rodapé, referências suficientes para sustentarem a trama.
Essas referências vieram de outros dois livros do autor: Contos Inacabados e Silmarillion. Ambos contaram com a ajuda de um dos filhos de Tolkien, Christopher Tolkien, para serem publicados. Em Silmarillion, Christopher aproveitou que o pai ainda estava vivo e editou o texto, de modo que as histórias fizessem sentido. Já em Contos Inacabados, uma obra póstuma, o filho respeitou os escritos do pai, publicando os contos tal como o pai havia escrito, aproveitando notas de rodapé para esclarecer pontos obscuros das histórias.
Ler as obras de Tolkien é um convite a perceber o quão rica era a formação acadêmica deste escritor e como certas batalhas não se desenrolam apenas com espadas e armas, mas igualmente com decisões tomadas, articulações políticas e magia.
Muitos não vão entender a última trilogia indicada aqui no texto. No entanto, nestas obras, as entrelinhas são muito mais fortes e poderosas que as próprias linhas escritas. Estou falando de Jogos Vorazes, escrita por Suzanne Collins. A autora tem bastante experiência de escrita devido aos anos que trabalhou como roteirista no canal infantil Nickelodeon, e conseguiu desenvolver uma história aparentemente banal e para adolescentes, mas que se revela, aos poucos, muito mais profunda e política do que imaginam os adolescentes.
A trilogia é composta por Jogos Vorazes, Em Chamas e A Esperança, sendo que o primeiro livro foi adaptado para os cinemas no ano passado e o segundo vai estrear no segundo semestre de 2013. Quem assiste à versão cinematográfica declina quase que imediatamente de ler a versão publicada e este é o primeiro erro. O filme é uma versão açucarada e simplória do livro, que remete muito a outros filmes adolescentes, como os da saga Crepúsculo. Os que se arriscam a desvendar a história proposta pela autora, se depara com um mundo repleto de injustiças sociais, políticas ditatoriais e banalização das imagens, algo que nem o Panóptico tão destrinchado pelo francês Foucault seria capaz de imaginar. E assim, fazendo referência aos realities shows e ao império romano, Collins vai mostrando o quão perto estamos de Panem e o quanto a sociedade tornou-se fria e superficial, em meio a amores impossíveis, mortes e interesses escusos.
Esses três autores são infalíveis para quem gosta de uma boa história repleta de aventura e são uma ótima oportunidade para mergulhar em lugares tão bem descritos que nos parecem reais. E você? Qual é a sua batalha épica favorita?
Amo todos, porque sou do orgulho nerd hahahahahhahaha <3
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