Soraia: Geração junk food


As crianças e adolescentes são um reflexo (na maior parte das vezes) do que somos e fazemos. E isso não significa que seja culpa dos pais, professores, amigos. Como mencionado nos artigos anteriores, os bons e os maus exemplos podem ser encontrados a todo tempo e em diferentes nichos da sociedade. No entanto, uma das piores heranças que estamos deixando com relação às próximas gerações refere-se ao quesito alimentar. Sim, estamos gerando um país de pessoas obesas. Entenda: não é preconceito ou ditadura da beleza; é saúde. É triglicéride alta, diabetes, hipertensão, colesterol alto, enfim, doenças que podem ser desencadeadas por maus hábitos alimentares.

Exagero? Veja alguns números: de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em pesquisa realizada este ano há mais de 40 milhões de crianças com menos de cinco anos com excesso de peso. Os adolescentes também estão com problemas de obesidade: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2009, 21,7% dos brasileiros na faixa de 10 a 19 anos estavam com sobrepeso. Na década de 1970, este índice era de 3,7%! Isso refletirá nos futuros adultos. Aliás, estes não estão muito atrás dessas péssimas estatísticas. Dados da OMS mostram que pelo menos um adulto, em cada três, apresenta sobrepeso e que um, em cada dez, é obeso. Ainda não está assustado?

Saiba que, ainda de acordo com a organização, o excesso de peso representa o quinto fator de risco de morte em nível mundial, matando cerca de 2,8 milhões de adultos por ano.


Algumas instituições e órgãos governamentais já estão tomando providências com relação a isso. Leis municipais e estaduais já preveem uma merenda escolar mais saudável. Diversas escolas particulares já caminham neste sentido e contrataram nutricionistas para oferecerem aos estudantes opções menos calóricas. A própria OMS aprovou uma resolução que recomenda esforços para conter o aumento da obesidade no mundo até 2020. A medida estabelece diversas ações contra doenças não transmissíveis (entre elas as cardiovasculares, câncer, respiratórias e diabetes), por meio do combate aos fatores de risco, o que inclui obesidade. O objetivo é reduzir em média 30% do consumo de sal e elevar em 20% as atividades físicas.
No entanto, essas ações, para serem eficientes, não devem se limitar às medidas feitas por instituições. Elas devem igualmente serem implementadas por pais. Crianças devem desde pequenos aprender a se alimentarem bem e com qualidade. Não é simplesmente só dar comida saudável a eles. É ensinar boas práticas alimentares e dar exemplo, preparando e mostrando que alimentos como verduras, legumes e frutas também podem ser gostosos.
Já com relação aos adolescentes, não é apenas verificar o que estão comendo ou ainda a quantidade que estão ingerindo. É perceber se ele está passando por algum tipo de problema, como depressão ou bullying, que o está levando a ver no chamado junk food uma válvula de escape para os seus problemas. São pequenas ações que poderão salvar (e muito!) as gerações futuras e até alguns que já são adultos.


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