Gradativamente, estou apresentando temas que podem alertar pais para alguns assuntos que estão muito em pauta com relação a crianças e adolescentes. Comecei com um tema bem ameno: férias de julho. Semana passada, aprofundei um pouco mais o tema, falando sobre a influência das celebridades na vida de infantes e jovens. Hoje, o assunto será a Internet, a mídia e os jogos.
Quando crianças, nosso maior passatempo era brincar na rua. Jogos de videogame eram caros e a rua nos parecia bem mais divertida. Com o aumento da violência e com a quantidade cada vez maior de pais trabalhando fora de casa para sustentarem a família, o caminho foi entreter os filhos dentro de casa ou dentro de escolas, cursos livres e academias de esporte. E esta não é uma crítica. Se analisarmos o relatório apresentado pela Organização Internacional do trabalho feito em 2012, veremos que 90,7% das mulheres que estão no mercado de trabalho também realizam atividades domésticas (porcentagem esta que cai para 49,7% entre os homens). Desse montante, as mulheres gastam 36 horas por semana no trabalho (já os homens, 43,4 horas), e 22 horas semanais em afazeres domésticos (os homens, 9,5 horas). Considerando que mais de 60% das mulheres brasileiras realizam esta dupla jornada, que tempo sobra para cuidar (da maneira que queriam) dos filhos?
Escrevo “da maneira que queriam” porque ontem mesmo ouvi uma colega de trabalho, mãe de uma linda menina de um ano e três meses, dizer que estava com o coração cortado por ter que deixar sua filha com febre em casa, aos cuidados de familiares. Ela preferia estar em casa e zelar pela filha doente, mas tem que trabalhar. E esta é uma realidade constante dentro do ambiente de trabalho.
A ausência, somada à mudança da realidade da sociedade (o que inclui o avanço tecnológico e o aumento da já citada violência) criam um cenário de alternativas para compor as horas dessas crianças e jovens em momentos de lazer. Nisso, encontramos grandes refúgios como a Internet, a mídia e os jogos.
É claro que os três têm muitas características boas. Afinal, não basta apenas criticar. Há inúmeros programas educativos e atividades que podem inclusive ajudar na educação deles. No entanto, há também um outro lado, que é mais prejudicial do que bom.
Para se ter uma ideia no nível de uso do ambiente online pelas crianças, em setembro de 2012, o Instituto IBOPE Nielsen Online divulgou uma pesquisa realizada em diversas partes do mundo que mostrou que os usuários brasileiros com idade entre 2 e 11 anos permaneceram em média 17 horas conectados ao computador. Essa média destacou que os brasileirinhos estão entre os usuários mais assíduos da Internet, quando comparados com outros países. É o caso da França, onde a média do tempo gasto das crianças com a web é de 10 horas e 37 minutos. O estudo ainda divulgou outro ponto, que já era esperado: essas 17 horas utilizadas, em sua maioria, para entretenimento, mais precisamente jogos online.
Proibir e brigar não é o melhor remédio. Afinal, em um recheado de inovações tecnológicas e dispositivos móveis, alternativas para desobedecer é o que não faltam. Orientar é sempre a melhor solução. Estabeleça limites, propondo, por exemplo, horários para uso. O uso da liberdade vigiada também é outro caminho. Coloque senhas em determinados canais da TV a cabo e também tente bloquear os sites mais conhecidos de pornografia. Não precisa proibir, mas igualmente não deixe tudo de bandeja.
Nessa aventura que é ser um pai ou uma mãe, nada vem de graça e a melhor arma é a informação. Converse, pesquise, troque ideias com outros pais. Às vezes, a sua dúvida pode ser a de outro e vocês podem se ajudar mutuamente para encontrar uma solução. E, se não souber mesmo como lidar com a situação, procure um profissional da área, como um psicólogo ou psiquiatra. Eles podem sempre colaborar para que enxerguemos uma solução para o problema.
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