Juliana Trinci: De quem é a obrigação de nossas mudanças?

Recentemente, li na internet uma postagem que dizia que “Mulher boa não é aquela que fica reclamando que homem não presta, mas aquela que muda o homem e cala a boca de todo mundo”. Como qualquer bostagem, ops, postagem da internet que não concordo, simplesmente ignorei. Mas quando surgiu novamente e novamente, e novamente, preocupada. Afinal, as pessoas realmente pensam que isto é o correto? 
Eu acredito que sim, as pessoas podem mudar. Na verdade, penso que as pessoas estão em constante mutação. Por mais durões que somos, temos que assumir: Estamos bem distantes de quem éramos há alguns anos. Mas o que tem de errado na postagem então? Todo o resto! 
Tente analisar o seguinte cenário: Uma moça conhece um rapaz na balada. Eles começam a sair juntos e se apaixonam. Aos poucos a moça vai percebendo que o cara não é tão legal assim. Ele a trai constantemente, grita com ela e não quer saber de trabalhar. Ela tenta mudá-lo com todas as suas forças e não consegue, obviamente. E nos final das contas, de quem é a culpa do cara gritar com ela, ser um vagabundo e não trabalhar? Segundo o que andam pregando por ai, da moça, que não soube ser uma “mulher de verdade” para modificá-lo com todo seu amor. 
Mas isso está ERRADO. A partir do momento que o príncipe virou sapo, a única obrigação que você tem com com você mesma é pular fora. Corra, é uma cilada, Bino! Partiu! Não devemos colocar a responsabilidade de mudança na mão de ninguém. Se não somos pessoas bacanas “que presta”, temos que mudar isso (se achar que devemos) por si só, e não ficar aprontando loucamente achando que isto tem um culpado, porque o outro não teve ninguém em sua vida que, tal como fada madrinha com a varinha de condão, tenha mudado seu jeito de ser. É injusto colocar toda esta responsabilidade na mão da mulher. Já vivemos em um país extremamente misógino para ficarem martelando que a capacidade de mudar um homem está em uma das características de uma boa mulher. 
Mas Juliana, isso serve para ambos os sexos, né? Sim e não. 
Sim, para o fato de termos que fazer qualquer mudança por nós mesmos. 
Não, para o fato de que esse tipo de coisa só é cobrado de uma mulher. 
Ain, mas não fica procurando um príncipe encantado que você nunca vai achar”. Não estamos falando aqui de defeitos, mas de falhas de caráter. O cara pode ter N defeitos como todos nós temos. Divergências de interesses e preferências sempre farão parte do dia a dia de um casal. A sua banda preferida passa ser também a dele, mas você nunca vai conseguir convencê-lo que aquele All Star surrado já está na hora de ser trocado. Isso acontece, e isso que torna um relacionamento gostoso. Mas a partir do momento que a pessoa se torna algo ruim em sua vida, que te atrapalha, e atrapalha a vida das pessoas ao redor, mude. Mas mude você, e por você.

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