Muitas pessoas passam por uma depressão, mas poucas entendem que estão passando por uma depressão. Isso é um tanto confuso, verdade. Muitas acreditam que estão apenas tristes, ou acham que o mundo é um lugar ruim de se viver. E convivem com isso.
Quando eu fui diagnosticada depressiva foi quase tarde demais. Eu não via sentido na vida. Eu sabia que o que eu queria era errado, ia machucar muita gente. Mesmo assim eu desejava. E ao desejar, me sentia culpada. Era um abismo sem fim, e para não passar por isso eu tomava medicamentos e dormia.
Graças a Deus, a pessoas maravilhosas e a profissionais competentes consegui me curar. Digo a Deus, pois foi a última centelha de esperança, foi onde me agarrei e me deu forças a lutar por mim. Foi Graças a Ele que eu procurei e encontrei profissionais sérios e competentes, que me medicaram, me ouviram e que hoje estou aqui. Pessoas maravilhosas, amigos de longa data, amigos que tinha acabado de conhecer, amigos que eu só tinha em comum um projeto da faculdade, que estiveram do meu lado e não me deixaram só.
Tem gente que me pergunta se eu não tenho vergonha de ter tido esta doença, como se isso fosse sinal de fraqueza. Ainda hoje tem quem, com ar de deboche, me chame de louca (como se todos fossem sãos). Não ligo. Eu aprendi muita coisa com a depressão:
Ter empatia:
Hoje se eu vejo alguém triste, ou postando em redes sociais que está triste, minha primeira preocupação é “Preciso ajudar esta pessoa, preciso escuta-la”. Mesmo que o motivo desta tristeza seja a coisa mais besta do mundo. Ela precisa ser ouvida.
Não julgar
Lembro que muita gente falava que a depressão era falta de Deus. Não, muito pelo contrário. Deus me ajudou a encontrar pessoas certas para me curarem.
Não pensar que é ‘querendo se aparecer”
Muita gente faz milhares de coisas para chamar a atenção. Todos nós fazemos.
Estudar mais sobre o assunto
Vou repetir, pois escuto muita gente falando isso, DEPRESSÃO NÃO É FALTA DE DEUS NO CORAÇÃO.
Pelo o que eu li sobre o assunto, o que atrapalha o tratamento da depressão é o preconceito e a ignorância. Um simples resfriado é encarado como uma doença e tem tratamento. Já uma depressão não. Se você comenta com alguém que vai no psicólogo, é tido como louco e vira motivo de chacota. Eu eu ouvi MUITO isso, todas as vezes que eu ia à uma consulta. Não é a toa que os tratamentos com psicólogos é algo caro. O próprio convênio (pra quem o usa) se acha no direito de dizer de quantas sessões você precisa. Fila do SUS, esquece. Tem algumas faculdades que prestam serviços à comunidade, mas a pessoa tem que ter disponibilidade, o que nem sempre é possível.
Não julgar 2:
Se a pessoa foi diagnosticada depressiva, e aparece sorrindo, você deve incentiva-la a sorrir mais vezes e não ficar apedrejando e perguntando "que depressão é essa?". Por favor, sejam humanos e fiquem felizes quando uma pessoa está doente e aparenta uma melhora. É pedir muito?
Buscar o que me faz feliz:
Eu sei que a vida de ninguém é um mar de rosas, mas eu tento esgotar todas as tentativas antes de ficar mal com algo, alguém ou uma pessoa. Se eu ver que não adianta, eu me afasto. Simples assim. Não vou mais ficar com alguém que não se importa em me ver feliz só para não ficar sozinha. Tem vezes que sou minha melhor companhia.
Me perdoar:
Esta é a mais difícil de todas as lições. Logo no início me culpava por milhares de coisas que eu havia planejado e não fiz. Pelos sonhos que não corri atrás. Pelos projetos pela metade. Mas hoje entendo que ninguém é perfeito, nem eu. A gente erra sem querer errar, a gente erra sabendo que está errando, a gente “caga no toco” constantemente.
Isso não faz de ninguém um mostro. Eu adoeci porque meu corpo e minha cabeça não puderam mais. Eu não pude evitar, mas passei por aquilo brilhantemente.
Eu não fui vilã, nem vítima. Mas fui minha heroína.
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