Por Lou Leal
Porque não ser um turista muito tradicional pode ser divertido: Primeira parada, Amsterdã!
Quando eu
me ofereci para ser colaboradora do site (só fiz isso porque conheço a Sheila,
mas não façam isso em casa, amiguinhos), a She me perguntou sobre quais
assuntos eu gostaria de escrever. Comentei alguns e ela sugeriu que eu falasse
da última viagem que fiz. Aliás, viagem não foi um assunto que entrou nos
possíveis assuntos para comentar enquanto conversávamos, porque eu sou muito tranquila quando viajo - meio que gosto de me misturar com os locais, fazer coisas normais, fujo um
pouco dos pontos turísticos, etc.
Não sou uma
turista muito convencional. Normalmente estou na companhia de amigos que me
levam para passeios fora do pólo turístico, porém dessa vez estive sozinha em 80%
do meu roteiro, logo tenho alguns ‘causos’ para contar.
Planejei
meu roteiro e novamente enfiei uma prova de corrida durante a viagem, dessa vez logo que cheguei. Desde que comecei nesta prática esportiva, já é a segunda vez que procuro
uma prova de corrida em minha passagem pelo local onde estarei ou gostaria de estar. Tenho dado preferência a lugares que não conheço ainda,
porque daí eu posso unir o útil ao agradável, correr e conhecer uma nova
cidade. E dessa vez foi Amsterdã o destino escolhido.
A prova que
eu fiz foi a Meia Maratona, dentro do evento da Maratona de Amsterdã, prova de
corrida que faz parte do calendário internacional, e portanto foi um período de
cidade cheia, hotéis super procurados e com taxas altíssimas, além de lotados. Daí
entra uma dica legal pra quem vai fazer uma prova de corrida ou planeja apenas uma
viagem.
Se você for
correr, faça o seu planejamento o mais cedo possível. Se inscreva para a prova
com bastante antecedência porque os preços vão aumentando a medida que a data se aproxima (eles são divididos em lotes que têm um período X de
duração). Os valores de hotéis e passagens aéreas para aquela cidade também ficam mais caros. Eu consegui uma
tarifa boa porque me planejei. Já para quem não vai correr, procure saber se não
haverá algum evento como esse, justamente para se livrar dos valores altos de hotéis, hostels, Airbnb,
aluguéis e etc.
Cheguei
na sexta-feira no fim do dia. Minha prova seria no domingo, e portanto eu só
teria o sábado para passear, pois na segunda de manhã eu viajaria para Oslo
(que contarei mais adiante).
O hotel que
eu escolhi foi o Mercure Hotel Amsterdam Airport (não é um hotel central - ele
fica próximo a uma estrada, mas de lá você se desloca facilmente para o centro), e o que eu mais achei legal é que todos os seus hóspedes ganham o direito de ir e voltar até o centro com um mesmo bilhete, desde que você compre-o e embarque no ponto ao lado do hotel.
Como disse,
eu tinha apenas o sábado para passear, então me programei para buscar o kit da
corrida de manhã e tirar o resto do dia para passear no tempo livre. Pra
quem corre, o clima de um dia pré prova é sempre muito legal. Retirar kit, ver a
expo sempre recheadas de produtos esportivos legais como roupas, acessórios,
tênis e claro o merchandising do evento. É de praxe quando você vai correr fora do país, querer ter uma camiseta ou algo que lembre a sua experiência internacional,
além das várias fotos que puder tirar. Mas como em todas que fui sempre estavam muito cheias, confesso que fiquei um tempo bem curto, porque me irrito com lugares muito
cheios. Mas fiquei o tempo suficiente para tirar fotos, comprar merchandising, perceber que haviam
muitos brasileiros por lá e me deixar contagiar pelo clima da corrida, que
estava por todo canto da cidade.
Entrada da Expo da Maratona |
Fazendo a checagem do número de peito |
Durante
meu planejamento também fui atrás de grupos de torcedores de um time alemão que sou
presidente do fã clube aqui no Brasil, para além de conhece-los e
fazer uma social, também ter a companhia de algumas pessoas para poder passear.
Encontrei dois torcedores de Amsterdã e um de Glasgow, também em
visita pela cidade, naquela tarde. Não teria muito tempo para fazer um passeio
cheio de idas a museus, etc e etc, mas andamos bastante pelas ruas, passamos
pela parte da cidade onde ficavam os principais museus, inclusive a casa da
Anne Frank (onde a fila dá voltas e mais voltas por vários quarteirões - haja
coragem e vontade para encarar). Não entrei em nenhum deles, porque como meu tempo
era curto, tentamos otimizar o máximo e fazer o passeio como dava. E aí que meu
amigo holandês me pergunta: “Quer ver um jogo do Ajax?”. Quem me conhece sabe que eu adoro futebol e
sem pensar aceitei, ainda mais de graça!
Fachada da casa de Anne Frank |
Ele
combinou de encontrar com outros amigos para o jogo em frente a um bar ao
lado do estádio. Uma coisa que eu achei bem legal foi que apesar do ponto de encontro ser em um bar, a maioria se encontra do lado de fora com seus packs de cerveja. Ao
invés de pagar a mais no interior do estabelecimento, eles preferem comprar no mercado e beber a própria
cerveja. Mas não vi isso só durante este episódio, vi em outras situações também. Sai
mais barato e você pode escolher qual cerveja quer tomar.
Naquela
tarde fui conhecer a Johan Cruyff Arena, conhecida também como Amsterdam Arena, casa do Ajax. O
jogo seria entre os donos da casa e o Sparta Rotterdam. O Ajax venceu por 4:0 e
desses 4 gols, apenas 1 foi marcado intencionalmente, pois 2 foram contra e o outro
foi um gol muito inacreditável: quando a bola bateu nas costas do jogador e com
o efeito, entrou. Não sei se as leitoras do PhD gostam deste esporte, mas acho que
vale a pena comentar este episódio, porque foi bem atípico.
Para não
dizer que eu não tomei nada de cerveja, porque eu não poderia consumir nada de álcool até depois
da corrida, bebi um copo bem pequeno dentro do estádio pra não passar vontade. Naquela noite eu jurei que após a prova iria tomar um porre enorme e iria de
ressaca violenta para Oslo. Após o jogo não sobrou muito tempo para passear
porque eu precisava voltar logo para o hotel e descansar para o dia
seguinte, então passamos pela Red Light District e em algumas ruas, inclusive
no parque de diversões da Dam Square onde comi um waffle belga com bastante cobertura, afinal eu ia queimar tudinho no dia seguinte.
Eu já havia
participado de uma prova de corrida no ano anterior, em Berlim, mas foi uma
prova pequena, sem muita importância. Dessa vez eu iria participar de um evento
grande em Amsterdã e a cidade inteira pára pra ver isso acontecer, porque dura
o dia todo. De manhã é a prova da Maratona e a tarde a Meia Maratona, e os
holandeses ficam nas ruas o dia inteiro acompanhando os corredores: torcendo, ajudando, fazendo piadinha (encontrei
pelo caminho vários grupinhos com cartazes engraçados, e o mais legal que vi foi
um que dizia ‘é muito trabalho por uma banana de graça’). Todo aquele clima
contagia a cidade e incentiva quem está correndo.
O dia
prometia ser de muito calor, exagerados 20° C, e na TV eles diziam para as
pessoas se prepararem bebendo bastante líquido e usando roupas leves. Em alguns
trechos haviam moradores que montavam banquinhas e serviam água para os
corredores, além dos postos oficiais de água. Até parei em um deles e a moça
comentou que estava muito calor, então eu disse que era do Brasil e ela com o
maior sorriso disse: ‘Então essa temperatura é normal pra você, não’? – Eu:
‘Imagina, essa temperatura é uma delícia pra correr’ !!!
O percurso
da Meia Maratona passou por vários locais da cidade, pontos turísticos, bairros
residenciais, estradas, locais com apenas fábricas, sem contar que ela termina
dentro do Estádio Olímpico de Amsterdã (a Meia Maratona, porque a Maratona
começa e termina no estádio). Imagina você finalizar uma corrida dentro de um
estádio olímpico!? Que sensação maravilhosa! Sem contar todo o clima da prova,
organização e etc. Se eu tiver que recomendar uma prova pra alguém, pode apostar que é essa!
Terminada a
minha prova, era hora de cumprir a minha promessa de encher a cara. Fui ao
mercado, comprei 3 latões e uma garrafa de vinho, que pra mim seriam mais do
que suficientes para um porre. Cheguei tarde no hotel porque eu estava
sem internet na rua e não consegui chamar um Uber, precisei então esperar até os ônibus
voltarem a circular (os taxistas estavam cobrando preços irreais por uma
corrida ridícula!), e mesmo cansada, com as pernas doloridas e com fome, tomei meu banho, coloquei a roupa mais confortável que tinha, sentei na cama e
falei: Hora da festa!!! Abri o primeiro latão, liguei a TV e me encostei no
travesseiro. Após uns 30 minutos eu adormeci na metade da primeira cerveja, e meus planos de encher a cara foram por água abaixo!
Como eu disse,
não sou uma turista muito convencional. Não paro em todos os lugares para tirar
foto, apesar de ver muitas coisas. Gosto muito de comer e beber, muito mais do
que fazer compras. Eu adoro experimentar toda as porcarias que você só
vai encontrar lá, e salgadinhos, refrigerantes, cerveja e doces são os meus
favoritos. Gosto de ir a restaurantes, bares, mas se eu puder fazer as minhas
compras no mercado e comer na rua ou no hotel, prefiro. Porque além de mais em
conta, dá a sensação que você é daquele lugar.
Amsterdã é
uma cidade linda, cheia de atrações, bares, restaurantes, e é muito fácil andar
de transporte público por lá. Os holandeses são muito atenciosos com você, caso precise de alguma ajuda. Só tome cuidado na rua com as bicicletas! Este é o principal meio de transporte, e os ciclistas não param se você precisar atravessar uma
rua, salvo quando tem farol. Então, ao andar pelas ruas e precisar atravessar,
tome cuidado para não ser surpreendido por uma bicicleta envenenada atrás de
você! Na estação central de trem é onde você verá a confusão de bicicletas
estacionadas do lado de fora - é impressionante a quantidade delas.
Semana que vem voltarei para contar a segunda parte desta minha viagem. Até mais, girls!
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