Tem momentos da nossa vida que a gente precisa de uma leitura especifica - as vezes precisamos de uma história leve para nos tirar um pouco dos nossos problemas, as vezes precisamos de uma história que nos traga uma reflexão preciosa - talvez eu estivesse em um momento que precisasse de uma leitura mais específica do que Cidade das Garotas, porque apesar de ser um livro ótimo, a minha leitura foi automática e sem apegos.
Amo histórias que se costuram a guerra, histórias de época, e mesmo tendo um terceiro elemento como bônus que eu também amo (a cidade de NY), não me vi ansiosa para devorar essas páginas - por isso demorei um mês para terminar o livro (geralmente costumo demorar no máximo 15 dias em uma leitura). Teve horas que me peguei incomodada com absolutamente TODOS os personagens.
Mas como dito, esta obra está longe de ser ruim. Aliás, ela fala de algo que nos falta muito, que é a empatia. A autora (a mesma de Comer, Rezar, Amar) não fala diretamente sobre isso, mas dá muito a entender nas entrelinhas que o motivo do nosso ranço por seus personagens é justamente a falta de empatia entre eles.
O único problema real que encontrei no livro que não fosse a leitora aqui que vos escreve é a demora absurda que Vivian leva para conectar Angela, a pessoa para quem ela escreve, à história. Foi como se Angela precisasse ler um TCC sobre a vida da protagonista sem motivo até a metade da narrativa. Obviamente isso se tornou necessário, se não nós não teríamos um livro, e sim um conto, porém, talvez a motivação de Vivi para contar a sua história à Angela poderia ter sido outra ao invés de uma simples perguntaria que somente o último capítulo respondeu.
Mas vamos falar da parte boa da história? A riqueza de detalhes sobre a ambientação foi a que me cativou. Nova York é uma cidade que conquista qualquer viajante, e eu não fui diferente disso. E mesmo se passando em uma época decadente deste destino, os olhos de Vivi ainda nos mostrava uma cidade encantadora, mesmo diante de uma mega crise trazida pela Segunda Guerra.
Outro ponto a ser ressaltado é o talento de Vivi com a costura. Achei inspiradora esta característica da protagonista, que se viu ainda mais inspirada ao conhecer a antagonista (se é que podemos chamá-la assim) Edna. E quem disse que um esculacho não te leva para frente? Ao ver sua capacidade sendo colocada em cheque por Edna, Vivi primeiro viveu uma temporada de autodepreciação, mas depois sacudiu a poeira e se permitiu transformar isso em motivação. Mas claro que antes disso acontecer, você sente vontade de dar uns tapas na personagem.
Honestamente, queria ter lido este livro em um outro momento. Tenho certeza que me envolveria mais na trama do que no momento em que me encontro agora. Então, se você não quer passar pela mesma experiência que a minha, deixe para ler Cidade das Garotas quando você se sentir com vontade de se aprofundar em uma história que não te traga um grande plot twist, mas que te motive a acreditar naquilo que você sempre se sentiu competente à fazer.
Sinopse da editora:
Da autora de Comer, rezar, amar, um novo e delicioso romance sobre glamour, sexo e aventura na Nova York dos anos 1940. Em Cidade das garotas, uma jovem mulher descobre que não é preciso ser uma “boa garota” para ser uma boa pessoa.
Elizabeth Gilbert retorna para o texto ficcional com uma inesquecível história de amor na Nova York dos anos 1940. Narrado a partir da perspectiva de uma mulher que olha para o passado com felicidade, Cidade das garotas explora a ideia de sexualidade, bem como as idiossincrasias do amor.
Em 1940, Vivian Morris tem 19 anos e acabou de ser expulsa da faculdade. Seus pais, ricos e influentes, a enviam para Manhattan, onde mora sua tia Peg, dona de um teatro chamado Lily Playhouse. No teatro, Vivian passa a se relacionar com um grupo de personagens pouco convencionais, mas extremamente carismáticos: grandes atrizes, galãs, escritoras e produtores.
Mas quando Vivian comete um erro profissional que resulta em um escândalo, ela passa a ver aquele mundo com outros olhos. No fim, é essa jornada que a ajudará a descobrir o que ela realmente deseja ― e qual tipo de vida ela precisa levar para que isso aconteça. É nessa jornada que Vivian também encontra o amor de sua vida, uma pessoa que se destaca de todo o restante.
“A certa altura da vida de uma mulher”, escreve Vivian, “ela se cansa de sentir vergonha o tempo inteiro. Depois disso, ela está livre para se tornar quem é de verdade.”
(Você pode conferir mais de minhas resenhas no Skoob).
Postar um comentário