Nós dois sozinhos no Éter, de Olivie Blake

 



Duas pessoas se encontram por acaso no Instituto de Arte de Chicago. A partir desse momento, Aldo Damiani e Charlotte Regan têm dificuldade de ficar longe um do outro.

Ele é um teórico antissocial que mantém a mente ocupada com cálculos sobre viagem no tempo e abelhas. Para Aldo, o mundo é caótico e perturbador. Então, ele constrói rotinas, regras e fórmulas. Sem isso, sua existência entraria em colapso.

Ela é uma falsificadora de arte que prefere mentiras a verdades. Para Regan, todas as pessoas são previsíveis e entediantes. Ela lida com o tédio da existência tomando decisões impulsivas, imaginando que uma nova linha do tempo é criada a cada ação.

Quando os caminhos dos dois se cruzam, eles ficam intrigados pela mente um do outro. Decidem ter apenas seis conversas, como as seis pontas de um hexágono, antes de se separarem outra vez. Porém, a colisão de suas personalidades leva a uma paixão que às vezes parece um encaixe perfeito e às vezes um desastre capaz de eliminar qualquer vestígio de estabilidade em suas vidas.

Uma leitura intensa e honesta, 0 Nós dois sozinhos no éter traz uma reflexão profunda sobre vulnerabilidade, a natureza do amor e a complexidade de nos relacionarmos quando tudo dentro de nós está ruindo.

Sinopse da editora

"As vezes sinto que só estou esperando por algo que nunca vai acontecer. Como se eu só estivesse existindo dia após dia, mas que nada jamais vai ter importância. Eu acordo de manhã porque preciso, porque tenho que fazer alguma coisa, senão sou só um zero à esquerda ou porque, se eu não atender ao telefone, meu pai vai ficar sozinho. Mas é um esforço constante, é trabalhoso. Todo dia eu preciso dizer a mim mesmo para sair da cama. Levante-se, faça isso, se mexa assim, converse com as pessoas, seja normal, tente socializar, seja legal, tenha paciência. Por dentro só sinto, sei lá, um vazio. Como se eu não passasse de um algoritmo que alguém determinou". 

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Eu ainda não sei dizer muito bem o que achei deste livro. Não sei nem dizer se gostei ou não, pra ser muito honesta, mas o que posso dizer é que este foi uma daquelas obras que me fez mudar de ideia depois que li os agradecimentos da autora - parece que algumas coisas passaram a ter mais sentido, sabe? 

Não foi uma leitura prazeirosa, isso eu posso assumir. Muitas vezes achei a história arrastada, e o excesso de essência poética na narrativa me cansou bastante em diversos momentos (eu definitivamente não estava para essa pegada). Acho que foi por isso também que não me apeguei aos personagens, não criei empatia alguma por eles, e em certos momentos me dava a impressão que páginas brotavam cada vez que eu terminava um capítulo. Pode parecer controverso, mas tudo isso não me fez odiar a história. Adentrar na cabeça de duas pessoas brilhantes, mas disfuncionais, me fez ficar, me fez ter vontade de saber mais deles. 

Regan pode parecer uma personagem mimada, mas essa é realmente a impressão que pessoas ansiosas e bipolares podem causar na gente. Percebe-se que ela passou longe de uma criação cheia de mimos, muito pelo contrário, enquanto Aldo foi o responsável por nos mostrar o quanto uma pessoa de QI elevado pode parecer arrogante, quando na verdade é só uma pessoa tentando se encaixar como pode (e grande parte das vezes falha miseravelmente). 

O livro é todo embalado pelo romance, mas acredito que ele vai além dessa questão - ele fala sobre um romance atípico, beirando a toxicidade, mas que de alguma maneira deu certo para duas pessoas que sempre sentiram que falharam o tempo todo.



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