Eu, particularmente, tenho esse prazer. O de me misturar, experimentar o que não é meu. Em todos os lugares por onde ando, tento deixar o novo mundo entrar. Os novos valores, novos hábitos, novos ritmos.
Um autor, quando escreve um livro, tem em suas mãos diferentes formas de nos apresentar a sua narrativa. E geralmente, a primeira coisa a ser pensada ao colocar em prática uma ideia, é pensar na sua proposta. O monólogo de um escritor para o seu leitor tem como principal regra não entediar o público, já que ele precisa, como o ar que respiramos, prender a atenção do começo ao fim. Um livro abandonado é uma decepção para quem o escreve e para quem o lê, portanto, esta regra primordial precisa ser levada muito em conta.
Nem todos os autores conseguem fazer isso. Mas Mari Becker consegue.
Existe um grande risco ao publicar um livro diário de viagens. As vezes aqueles acontecimentos foram legais ou especiais somente para o viajante, e não para o leitor. Mas o que pode mudar tudo em um acontecimento comum é a forma como ela é narrada. A perspectiva que o escritor decide incluir na sua escrita. Falar que o protagonista de uma história conheceu velhinhos em uma praia é um acontecimento muito comum, mas falar que conheceu velhinhos na praia, o quanto foi difícil a comunicação e aproximação, e como o personagem mudou em relação a isso, transforma o comum em inspirador. Nem todos conseguem fazer isso, mas Mari Becker consegue.
Não inventa Mariana transporta a gente para diferentes países, nos leva na bolsa da Mari para todos esses causos comuns que lhe deram uma perspectiva singular da vida. Que transformaram a Mari não só nessa jornalista brilhante que conhecemos, mas também em um ser humano que enxerga a beleza no simples. E nada disso precisou ser contado em palavras poéticas - ela só se expressou sinceramente. É por isso que Mari Becker consegue.
Ao fim do livro, chegamos em sua casa junto com ela. Como é bom chegar em casa depois de uma longa viagem, né? Mas melhor mesmo é voltar para a casa que sempre foi o seu lar afetivo - a casa dos pais. Uma singela temporada de Natal narrada por ela é possível encher o seu coração de amor, afeto, saudade e carinho enquanto você lê os capítulos finais.
Outras marcações feitas durante a minha leitura:
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